Não é novidade para ninguém que curte o bom e velho rock 'n' roll, que o AC/DC sempre foi fiel ao seu estilo, mantendo sempre uma certa simplicidade na estrutura geral de suas músicas, em contraste com o virtuosismo do grande guitarrista Angus Young. E como todos sabem também, a melhor fase da banda foi a que trouxe o grande Bon Scott como vocalista, o "front man" dos anos de ouro do AC/DC.
Como parte da bela discografia desta fase, temos o clássico (e qual álbum dessa fase não é clássico?) "Powerage", de 1978. Talvez seja o álbum mais "repetitivo" da banda, mas é isto que faz dele único, devido à dose mais alta de rock 'n' roll que a banda já concentrou em um único disco.
Não faltam clássicos aqui, começando com a alegre e contagiante "Rock 'n' Roll Damnation", um verdadeiro hino. Em sequência, "Down Payment Blues", com uma melodia mais "séria" e com um irresistível "suspense" gerado pela simples linha de baixo e marcação de bateria no início da música.
"Gimme A Bullet" passa um pouco desapercebida, mas isso não chega a ser um problema. Já "Riff Raff" nos faz imaginar o início explosivo de um show da banda (como de fato aconteceu no set list do álbum ao vivo "If You Want Blood", lançado pouco depois deste aqui). Quanto a "Sin City", temos aí uma música simplesmente perfeita, um hard rock de primeira, e provavelmente a faixa mais crua do álbum.
Na sequência, "What's Next To The Moon" tem uma marcação no verso que lembra bastante "Dog Eat Dog" do álbum anterior ("Let There Be Rock"), chegando a ser superior a ela. Já "Gone Shootin'" diminui um pouco o peso, mas sem deixar a peteca cair.
Fechando o álbum, temos o quase-hino "Up to My Neck In You" e a veloz "Kicked In The Teeth" (que lembra bastante a faixa "Let There Be Rock" do álbum anterior de mesmo nome), ambas cruas ao extremo.
Concluindo, este é um álbum indispensável para quem está afim de uma dose ininterrupta de rock 'n' roll. Além de merecer espaço junto aos excelentes "Highway To Hell" e "Black In Black", é o álbum mais pesado e agitado da banda, e pode agradar várias tribos: desde a galera do rock 'n' roll e hard rock, até os punks que apreciam um som mais "linear" e pouco variado. E acredite, neste álbum, a repetitividade é uma coisa ótima!
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Publicada originalmente no blog
Rock em Análise