Por Tiago Meneses
Frequency Drift é uma banda que foi formada na Alemanha em 2006, e desde 2008 vem sempre lançando trabalhos de um grande nível musical, mesmo nunca conseguindo manter a sua mesma vocalista por mais de dois álbuns. Em Over, seu 5º e mais novo registro, novamente os vocais ficam por conta de uma estreante, Isa Fallenbacher, que assumiu o posto que foi de Antje Auer nos dois álbuns anteriores. Mas por outro lado existe o fato disso ser algo que não precisa preocupar quem escuta a banda, já que todas as vocalistas até aqui fizeram muito bem o seu papel.
Os vocais em Over continuam bastante emotivos, diria até mais do que em todos os trabalhos anteriores. Uma fusão perfeita entre elegância, leveza e força, tudo isso sobre uma enorme destreza de controle de voz de IsaFallenbacher.
O “Rock Progressivo Cinematográfico” da banda, como eles costumam chamar, continua fazendo jus ao nome. Com arranjos que causam uma deslumbrante ambientação, inspiradas em melodias étnicas, Over é uma verdadeira viagem quase a um universo onírico. Uma sonoridade que embora seja eclética, nunca se perde e sempre sabe exatamente até onde ir pra soar de maneira coesa.
Outra coisa que merece destaque no álbum é a quantidade de instrumentos utilizados pela banda ao longos das 12 faixas presentes. Harpa, violino, violoncelos, violas, wavedrum, tudo isso muito bem casado com as guitarras, bateria e baixo, onde nada no álbum é ofuscado, onde tudo como um perfeito quebra cabeça monta um belíssimo quadro musical.
Uma faixa como “Sagittarius A*”, por exemplo, simplesmente faz com que eu me pegue cantarolando sua harmonia durante um dia inteirinho, no mínimo. “Suspended” é outra que merece destaque, com um refrão extremamente encantador, também possui alguns belíssimos solos de flauta e violão. “Once” é uma música de um lindo arranjo, vocal cristalino e um piano hipnotizante. “Them” tem como um dos destaques não apenas dela, mas do álbum em si, a bela peça de cordas do seu final. Mas ainda que trata-se de um álbum homogêneo, em que todas as faixas merecem ao menos uma menção, “Memory” é onde a banda atinge o ápice de sua musicalidade, com um início bastante interessante e de uma sonoridade sugestiva, possui uma bela melodia folk e também um final instrumental simplesmente incrível.
Todas as faixas do álbum tem sua característica especial e nenhuma merece deixar de ser ouvida. O álbum é longo, são pouco mais de 77 minutos de música, mas um verdadeiro deleite aos que querem um Rock Progressivo que foge dos padrões que se esperam dele, ou seja, harmonias intrincadas, virtuosismos, enfim, aqui a música simplesmente acontece de uma maneira a deixar o ouvinte em um estado quase flutuante, ou como já dito, cinematográfica.