Por Anderson Nascimento
Grandiloquente, megalomaníaco e chapado, são três palavras que descrevem muito bem o terceiro álbum da banda inglesa Oasis. No auge de seu sucesso, após o lançamento do elogiadíssimo primeiro álbum “Definitive Maybe” (1994) e do bem sucedido “(Whats The Story) Morning Glory” (1995), a banda por si só decidiu que faria um álbum que entraria para a história da música, dessa forma nasceu “Be Here Now”.
As gravações do disco foram iniciadas nos estúdios Abbey Road, famosos por abrigar grande parte das gravações dos Beatles, pronto, o espírito que a banda queria incorporar já estava lá. Apoiadas na superprodução maquinada antes mesmo de suas gestações, as canções do disco foram tão incrementadas que suas versões finais ficaram na faixa dos cinco minutos em média, levando o álbum de doze faixas a ter encorpados setenta e um minutos de duração.
Já na abertura do disco a banda banca efeitos como distorções de guitarras, diversos ruídos sonoros e vocais invertidos em “Do You Know What I Mean?”, primeiro single do disco, preconizando o que estaria por vir no restante do disco.
A justificativa para toda essa grandiosidade tencionada pela banda traduziu-se em potência sonora. Canções como “My Big Mouth” e “Be Here Now”, chegam a ser ensurdecedores, da mesma forma a qual a evolução de simples baladas acaba chegando também a esse nível.
A banda também experimenta a mescla da overdose de guitarras com efeitos de nuances progressivas, caso da canção “Magic Pie”, cantada por Noel, e da épica “All Around The World”, outro single do disco, que abusa das referências aos Beatles, inclusive no videoclipe, um pastiche de “Yellow Submarine” do quarteto de Liverpool.
Canções no estilo mais básico vêm perfiladas na sequência “I Hope, I Think, I Know”, “The Girl In The Dirty Shirt”, e chegam a lembrar a sonoridade dos dois primeiros álbuns da banda.
É bem verdade que “Be Here Now” é um grande álbum, não é a toa que o disco tem pelo menos dois grandes clássicos do repertório dos Gallaghers, as baladas “Stand By Me” e “Dont Go Away”, que tocaram nas rádios até enjoar. Talvez o único problema do disco tenha sido causado pela própria banda ao definir à revelia que o disco seria um marco na história da música, antes mesmo do disco ser lançado. A própria arte do álbum já indica a pretensão ao dar ênfase em sua data de lançamento (21/08) e urdir uma série de referências musicais históricas – o carro dentro da piscina, por exemplo.
Já menos chapada e olhando pra trás de forma um pouco mais sóbria, a própria banda reconheceu o exagero em torno do disco e os erros que a soberba causara na época de seu lançamento, fato que levou a banda a exagerar novamente, ao passar a ignorar o disco por um bom tempo, culminando na exclusão dos singles desse disco da primeira coletânea de sucessos da banda “Stop The Clocks” (2006).
Quinze anos depois de seu lançamento, “Be Here Now” continua sendo um grande álbum de Rock, pontuado por baladas clássicas e pelos excessos de uma banda que não só se achavam os Beatles, como fez de tudo para que o seu público tomasse isso como verdade. Descontados todos esses exageros, o álbum teve a oportunidade de galgar sozinho um lugar na história. E conseguiu.