Por Anderson Nascimento
Pianista e compositor, Tomás Improta comemorou no ano passado 45 anos de carreira com o lançamento de seu oitavo disco, “A Volta de Alice”. O álbum apresenta onze faixas, sendo uma assinalada como faixa bônus, incluindo nesse compêndio canções inéditas, parcerias e releituras.
Como é gostoso em tempos de carnaval ouvir a faixa de abertura “Império do Samba” (Zé da Zilda), canção repleta de metais que relê os antigos carnavais de rua do Rio de Janeiro. A heterogeneidade, no entanto, é a principal marca deste álbum, o que faz dele uma deliciosa viagem pelo que há de melhor na música instrumental.
O álbum passa, por exemplo, pela Bossa Nova em “Vagamente” (Roberto Menescal) e “Esperança Perdida” (Tom Jobim, Billy Branco), e até apresenta um momento que lembra o Rock em “A Coisa” (Roberto R. T. Leite), faixa que em determinado momento se liquidifica com o Samba.
Improta está bem à vontade pilotando instrumentos como piano elétrico, acústico e sintetizadores. Há até espaço para o delicioso órgão Hammond em faixas como “Terán” (Tomás Improta), que também agrega piano elétrico e escaleta, todos tocados pelo artista.
O disco é repleto de momentos, no mínimo, interessantes. “12 Anéis de Thelonoious” (Tomás Improta) traz uma curiosa batida eletrônica arquitetada por Carlos Pontual, “Adriana/Urbana” (Roberto Menescal/Lula Freire) traz Tomás Improta comandando o sintetizador de maneira interessante, e “A Volta de Alice” (Tomás Improta, Carlos Pontual), faixa que dá nome ao disco, é a canção que tem o papel de consolidar todo o conceito do álbum, ajudando a amalgamar o conceito por traz do disco.
O disco encerra com “Como o Céu é dos Aviões” (Tomás Improta), outro momento curioso, que traz apenas sons de aviões e o artista novamente no sintetizador. No fim, “Avarandado” (Caetano Veloso) aparece como faixa bônus, com a presença solitária de Tomás ao piano.
Com produção de Carlos Pontual e participações de músicos como Domenico Lancelloti (bateria), Jessé Sadoc (trompete), Marcelo Martins (Sax), Raul de Souza (Trombone), José Arimatéia (trompete), entre outros, o álbum é uma doce viagem à imaginação e conceitualmente nos traz uma síntese de um passeio pelo universo do artista. Belíssimo disco!