Por Anderson Nascimento
Segundo disco solo da carreira do músico Daniel Zé, “Calma Karma” teve gestão ajudada por fãs do artista que ajudaram na arrecadação de fundos através da rede de Crowndfunding Partio, que totalizou 108% da meta.
Quem colaborou certamente deve ter ficado muito satisfeito com o resultado final do disco, já que esse novo trabalho dá um perceptível salto de qualidade em relação ao também ótimo “Memórias Meio Inventadas”, lançado em 2013.
A psicodélica faixa “Ágatas” abre o disco com tonalidades que mesclam 1966 com o colorido som brazuca dos anos 1970. Aqui temos Beatles, Byrds e Mutantes em doses cavalares. O passeio ao passado continua em “Braços de Cimento”, com guitarras e coros sessentistas, lembrei-me do ótimo artista gaucho Frank Jorge ao experimentar a estética da canção.
Os Byrds voltam a plainar no som de Daniel Zé em “Walden”, enquanto a faixa título “Calma Karma”, emenda um Soulzão delicioso, que mescla efeitos vocais que remetem a Peter Frampton e Electric Light Orchestra. Melhor faixa do disco!
Após a ótima “85”, canção que faz alusão a infância e aos seus fatos marcantes, Daniel dá uma reduzida na pegada, trazendo canções mais suaves como “Fiume” (com “u” mesmo, trata-se de uma cidade Croata) e a deliciosa balada “Homem Duplicado”, vale destacar também a ótima (e psicodélica) “Kaiowá” e seu riff dilacerante. O disco fecha com o Rock jovemguardiano “Esplênico”, com o perdão do trocadilho, esplêndido!
Produzido por Lennon Fernandes, “Calma Karma” é uma bela sequência e mostra o quanto o artista evoluiu, ao apresentar melodias marcantes, além de ideias e sutilezas que podem ser percebidas com uma audição atenciosa. Ótimo trabalho!