Por Anderson Nascimento
Nascido em São Gabriel (RS), Antônio Villeroy é hoje um dos compositores mais requisitados da atualidade. Com mais de 150 canções já gravadas por artistas como Belchior, Gal Costa, Ivan Lins, Maria Bethânia, Moska, Seu Jorge, Maria Gadú, entre outros, o artista é o responsável por sucessos como “Garganta”, “Rosas” e “Pra Rua Me Levar”, sucessos com a cantora Ana Carolina, sua principal intérprete.
Sétimo disco de sua carreira solo, que se iniciou com um disco homônimo lançado em 1991, “Samboleira” já nasceu com o status de obra especial desde a sua concepção, já que o trabalho foi gravado a partir do financiamento coletivo, o crowdfunding, obtido através da plataforma Sibite - uma das pioneiras no Brasil nesse quesito -, que conseguiu levantar 85 mil Reais, quantia suficiente para permitir a gravação de um disco de alta qualidade.
Com canções inéditas em seu repertório, que mescla faixas em português e espanhol, o requintado projeto acabou ganhando ainda mais prestígio com as especialíssimas participações de convidados como a maravilhosa Mart’nalia no ótimo Samba-Jazz “Germinal do Samba”, que acaba também agregando Analimar Ventapane e Maíra Freitas, irmãs da cantora. O mestre João Donato também empresta o seu talento à Bossa “Uni Duni Tê”, canção que é fruto da parceria entre Villeroy e Donato, que além de piano, também participa nos vocais da canção.
Dentre momentos de impactante bom gosto, casos da peculiar “Fast Folhinha”, destacam-se a dobradinha de sambas “No Balanço do Bedeu” e “O Peixe Quer Água”, faixas que urdem fineza e malemolência, além da romântica e singela “De Corpo Inteiro”.
Entre as canções em língua espanhola, destaca-se “Nostalgia Pasajera”, parceira de Antônio com o Cubano Descemer Bueno, pela beleza da interpretação e pela deliciosa levada, o que faz desta canção uma das melhores do disco.
De sabor que tempera o Samba com ritmos latinos, como o próprio nome do disco sugere, o disco é instrumentalmente irretocável, além disso, o sofisticado novo álbum de Antônio Villeroy, compositor já consagrado e cantor de voz doce e bem assentada, vai provocar belíssimas sensações àqueles que se deixam envolver de verdade pela execução de um álbum musical, algo que só quem possui esse valoroso dom pode efetivamente entender.