Por Lazaro Cassar
"Band On The Run", o álbum, já nasceu clássico. Gravado na Nigéria, teve merecedora aclamação tanto de público quanto de crítica, servindo assim para revitalizar a carreira solo de Paul, que não andava lá essas coisas.
Tocando quase todos os instrumentos (já que apenas Linda e Denny Laine concordaram em viajar), Macca utilizou com maestria seus pouquíssimo reconhecidos dotes de baterista e tecladista, aludindo temas dos mais variados, ainda que uníssonos em sua gana rebelde e fugida.
A faixa-título, por exemplo, começa como uma balada de acento "Bluesy" e se transforma num potente "folk Rock" esmerilhado por frases inerentes à fuga e ao desterro.
"Jet" não fica atrás; uma de suas mais exuberantes crias, numa interpretação angustiada.
"Bluebird" é uma pausa para recuperar o fôlego (emula o olhar mais pop e brando de "Blackbird", do Álbum Branco).
"Let me roll it" é um Blues catártico e melancólico, esculpido por repetitivos "Riffs" de guitarra sobre uma base de órgão soturna, onde Paul encerra de vez as diatribes prestadas por ele e Lennon.
Meio que escondida no meio de tantos clássicos, "No Words" é cantada com explícito sotaque Beatle. E por aí vai o álbum, sempre surpreendendo, até desemborcar em "1985", um prognóstico decadente e perturbador do então futuro nem tão longínquo.
Enfim, neste que é tido como seu melhor disco, McCartney exorcizou todos os demônios que o perseguiam como uma punição pelo fim da maior banda de todos os tempos. E o fez com o glamour de alguém que nunca precisou provar que para ser o melhor basta não precisar provar nada para ninguém. Mas, neste caso, provou.