Resenha do Cd Flowers In The Dirt / Paul Mccartney

FLOWERS IN THE DIRT title=

FLOWERS IN THE DIRT
PAUL MCCARTNEY
1989

EMI MUSIC
Por Anderson Nascimento

Na década de oitenta o ex-Beatle Paul McCartney experimentou diversas sensações em sua carreira. Fazendo um apanhado rápido, Paul passou, em apenas uma década, por todas as possibilidades que um astro do quilate dele pode viver.

Lançou álbuns massacrados pela crítica como “McCartney II” (1980) e “Press To Play” (1986); lançou um clássico em sua discografia, caso de “Tug Of War”; fez filme (“Give Me My Regars To Broad Street”); montou parcerias de sucesso com Michael Jackson, Stevie Wonder e Elvis Costello; experimentou um tempo fora da mídia no período entre 1986 e 1989; e, finalmente, fez uma turnê mundial, algo que não fazia desde 1976 com sua antiga banda Wings.

“Flowers In The Dirt” está no topo dessa cadeia de acontecimentos, sendo considerado como um retorno de Paul McCartney ao sucesso e à mídia, embalando a turnê mundial “The Paul McCartney World Tour” que, mais tarde, geraria o álbum ao vivo “Tripping the Live Fantastic”.

O álbum reproduz em alguns momentos a antiga atmosfera Beatle, principalmente na canção “My Brave Face”, o maior sucesso do álbum e uma das parcerias de Paul com o músico e cantor inglês Elvis Costello, que assina mais três canções em parceria com Paul, e ajuda a formatar o estilo do disco. Outra participação especial do álbum é a de David Gilmour (Pink Floyd), tocando guitarra em “We Got Married”, outro single do disco.

Paul também recorre ao formato Beatle em “This One” e “Put It There”, esta última, uma bela homenagem ao seu pai. Por falar em homenagens, Paul oferece a canção “How Many People” ao brasileiro Chico Mendes, ativista ambiental assassinado por ir contra aos interesses capitalistas ao defender a preservação da Amazônia.

Algo irrefutável nesse álbum é a riquíssima produção, recheada de efeitos sonoros, coros trabalhados à exaustão, o que confere à obra um requinte e beleza incrível. Os arranjos das canções “That Day Is Done”, de onde ele tira o nome do disco, e “Rough Ride” são grandes exemplos disso.

É desse disco também uma das melhores canções já feitas por Paul McCartney: “Figure Of Eight”. A música é gritada por Paul do início ao fim, o que produz um efeito incrível e altamente estimulante. Além disso, a canção tem todo um apelo que sugere que ela seja cantada ao vivo, o que de fato acabou ocorrendo, destacando a canção como ponto alto nas apresentações ao vivo que Paul faria após o lançamento do disco.

Se o álbum não mantém o mesmo nível em suas doze canções originais, “Motor of Love”, por exemplo, não é um primor de inspiração, “Flowers In The Dirt” chega bem próximo disso, colocando Paul McCartney de volta aos bons discos e encerrando uma década de muito trabalho e com muita representatividade em sua carreira.

Resenha Publicada em 22/10/2010





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