Por Anderson Nascimento
A cantora e violonista carioca Joyce, que atualmente passou a usar o nome artístico Joyce Moreno, é dona de uma invejável discografia com mais de trinta discos entre solos e participações, incluindo mais de quatrocentas regravações de músicas suas por artistas do mais alto escalão da MPB.
Toda essa rica carreira fonográfica, no entanto, possuía uma espécie de elo perdido de uma importante fase da carreira da cantora, onde suas canções eram registradas em compactos, trilhas sonoras e coletâneas dos muitos festivais que a cantora participou (defendendo ou interpretando canções para a sua gravadora) entre os anos sessenta e setenta.
O selo Discobertas, com a autorização da cantora e liberação de fonogramas por parte de algumas gravadoras, conseguiu juntar em um único CD essas raras gravações, ajudando então a recontar a história dessa talentosa cantora.
A coleção traz vinte pérolas que vão desde uma remota gravação realizada em 1964 com o grupo Sambacana, onde aos dezesseis anos a cantora impressiona ao interpretar “Olhos Feiticeiros”, até a gravação da alternativa e roqueira “Pessoas”, pinçada do LP “5º Festival da Música Popular Brasileira de Juiz de Fora”, lançado em 1972.
Vários são os momentos em que a cantora encanta, entre eles vale realçar a sua interpretação da canção “Andança”, ao lado da banda de Momento 4uatro, “Sem Mais Luanda”, canção sua em parceria com Zé Rodrix, e “Copacabana Velha de Guerra”, outra canção sua, dessa vez em
parceria com Sérgio Flaskman e produção de Nelson Motta.
Temas instrumentais também são apetitosos quitutes deste álbum, “Please Garçon”, retirada da trilha sonora do filme “Roberto Carlos e O Diamante Cor de Rosa” e “Bachianas Brasileiras No.5”, de Heitor Villa Lobos, com direito até a berimbau, apesar de não trazerem letras, ganham uma bonita interpretação da cantora.
A boa fase da cantora com a banda “A Tribo”, que também tinha em sua formação Naná Vascocelos, Toninho Horta, Nelson Angelo e Novelli, também se faz presente nesse álbum, trazendo interessantes devaneios como “Onocêonekotô”, e a brasilidade da canção “Tapinha”, retirada do primeiro compacto da banda.
O raro compacto duplo que inclusive dá a capa dessa compilação também é outro importante momento, interpretações classudas para as canções “Adeus Maria Fulô” (Sivuca e Humberto Teixeira ) e “Nada Será Como Antes”(Milton Nascimento), exibem uma performance bacana e personalizada.
A idealização e execução de um projeto de tamanha importância e relevância como este, revela como boas ideias, pesquisa e dedicação podem fazer a diferença no mercado fonográfico brasileiro.