Por Anderson Nascimento
Canta Canta, Minha Gente é conhecido como o melhor álbum gravado por Martinho da Vila em toda sua carreira. O álbum obteve um grande êxito musical, levando às paradas de sucesso, além da faixa título, canções como “Malandrinha”, “Renascer das Cinzas” e “Disritmia”.
A partir desse álbum, Martinho da Vila desenvolve uma nova forma de cantar seus sambas, aproveitando-se do grave de sua voz e sussurrando algumas das letras das canções mais lentas em suas interpretações.
É um disco de sonoridade lírica, o que pode ser percebido em canções como “Nego, Vem Cantar” e “Malandrinha”, de composição de Freire Júnior, ou ainda em “Disritmia” outro de seus maiores clássicos.
No disco temos canções que celebram temas como miscigenação racial, futebol, sincretismo religioso, canções de incentivo e encorajamento, além da pouco perceptível alfinetada na ditadura na faixa título, onde Martinho dispara: “...só não dá pra cantar mesmo é vendo o sol nascer quadrado...”.
Esse álbum, juntamente com o seu repertório altamente inspirado, entrou de vez no inconsciente coletivo. Desde a sua luxuosa versão original em vinil, que trazia pela primeira vez a capa chamada gatefold (aquela que abre em formato de álbum duplo), além de encarte com letras, pôster e o bonito trabalho gráfico de Elifas Andreato, que marcaria presença nas artes das capas de Martinho da Vila até os dias de hoje.