Por Anderson Nascimento
A paulista Olivia Gensesi, cantora, compositora e música, está apresentando o seu nono álbum, quarto autoral, “Melodia de Sol Em Pleno Azul”, ora distribuído pela gravadora Tratore, através do selo Elefante-D.
Representando um arcabouço urbano em um dia de sol, o novo disco de Olivia Genesi tem natureza temática, algo no mínimo ousado e arriscado. Os riscos se dão pelo perigo em tornar o álbum monotemático ou ainda que, de alguma forma, não funcione. Mas Olivia brilha junto com esse sol que protagoniza esse lindo álbum, dando ares conceituais ao seu novo trabalho.
O disco já abre com essa levada em “Perto da Orla”, canção de letra original enriquecida com uma guitarra marcante. As composições estão entre os (vários) pontos altos do álbum. Canções como “Seu Sol, Minha Lua” atestam essa força do repertório autoral da cantora.
Na sequência, os raios disparados pela guitarra de “Literatura”, munido de uma interpretação adulta e recheada de charme, representam um pouco do que quero falar sobre a cantora. Há tempos que não sinto o cheiro de Tutti Fruti, a banda, no Pop-Rock brasileiro, e consigo me deliciar com essa aproximação na referida canção e em outros momentos como “Divindade” e na tímida “Me Deixo Levar”.
Musicalmente falando, o disco tende mais ao Pop/Rock, mas não há por parte da cantora e da produção do disco (capitaneada por ela mesma) uma intenção de seguir uma linha singular. Esse desprendimento está em “Nas Ruas da Cidade”, ritmada faixa, que se alterna em um som que lembra uma gravação demo com uma produzida gravação em estúdio. “Tecnologia” é outra dessas faixas que não se prendem a apenas uma levada, já que se inicia como um reggae e depois sugere outros caminhos.
O disco tem essa característica de aliar a sutileza do piano com uma camada espessa de Pop/Rock. “Eu Na Música”, por exemplo, traz muito dessa sutileza onde se sobressai a produção muito caprichada de todo o álbum.
A sagacidade da cantora em desfilar treze temas radiantes eleva seu nome, junto com a sua obra, em um importante patamar na nossa música popular. No fim da audição do novo álbum de Olivia, rechaçamos a mesmice de um cenário que, pelo menos no mainstream, insiste em se repetir. Que bom que de vez em quando somos atingidos por arroubos como esse álbum.