Por Valdir Junior
Em 2014 o Oasis anunciou a campanha promocional “Chasing the Sun”, com o relançamento dos três primeiros discos da banda em versões remasterizadas e cheias de bônus, agora, depois de quase dois anos do relançamento de “(What's the Story) Morning Glory?, chega finalmente à edição remasterizada do terceiro e mais polêmico álbum do Oasis, “Be Here Now”, disco esse que encerrou um ciclo na história da banda e acabou com as perspectivas mais megalomanias dos irmãos Gallaghers de conquistar o mundo.
A Nova edição do disco traz, além do álbum original resmaterizado, um segundo CD com lados Bs de singles, demos e algumas faixas ao vivo onde se destacam as faixas: "The Fame", "My Sister Lover", e as versões ao vivo de “Help” dos Beatles e “Setting Sun” dos Chemical Brothers, música que Noel compôs junto com o duo eletrônico, e uma nova versão remixada por Noel de "D'You Know What I Mean?".
Já o terceiro CD é o verdadeiro destaque de todo o pacote. Chamado de “The Mustique Sessions” traz demos mais produzidas, gravadas por Noel Gallagher durante um feriado na casa de Mick Jagger num feriado em 1996. Nelas os arranjos estão bem próximos das versões finais e tem apenas Noel cantando e tocando os instrumentos junto do produtor Owen Morris. Destaque para a música inédita "Angel Child" e a embrião da faixa título "Trip Inside (Be Here Now)".
Com o grande sucesso dos dois álbuns anteriores, a expectativa tanto da crítica como o público para o terceiro disco do Oasis estava na estratosfera, as notícias de exageros e brigas durante as gravações só aumentavam a curiosidade para o resultado final. Lançado em agosto de 1997, “Be Here Now”, fazia jus a todo o estardalhaço que o antecipava e rapidamente se tornou um dos álbuns mais vendidos, mas, talvez diante da alta expectativa, o álbum sofreu pesadas críticas por parte da imprensa especializada e foi refutado por parte de alguns fãs.
Mesmo trazendo três músicas que se tornariam grandes sucessos na carreira do Oasis como: “Stand By Me”, "Don't Go Away" e "D'You Know What I Mean?", o álbum não conseguiu se transformar no estrondoso sucesso esperado e com isso a deixa para o tão almejado status de “maior banda do mundo”, se perdeu num dos últimos momentos em que, historicamente, isso podia acontecer, em um mundo pré-internet e redes sociais, em que a então toda poderosa indústria fonográfica ditava a trilha do sucesso.
Olhando hoje em retrospecto, “Be Here Now” é um grande álbum, repleto de canções poderosas e instigantes, Noel Gallagher se estabelecia como um grande compositor e contador de estórias e Liam, como um grande frontman, mas “Be Here Now” foi feito para um mundo que se importava com o que o Rock tinha a dizer e para pessoas que viviam um sonho que se parecia ainda com o sonhado pelas gerações anteriores, mas em 1997 as pessoas e o mundo pareciam querer avançar mais rápido para o final daquele século o início do atual, e o álbum e o Oasis pagou por esse imediatismo com o qual vivemos hoje.
Depois desse disco o Oasis nunca mais foi o mesmo, dois membros originais, o guitarrista Paul "Bonehead" Arthurs e o baixista Paul McGuigan, deixaram a banda, cansados das brigas dos Gallaghers e da forma com que Noel e Liam dirigiam a banda; e aos poucos o Oasis percebeu que do patamar que estavam nunca mais iriam avançar e mesmo gravando alguns bons álbuns acabou virando uma banda que representava mais o passado do que ditava o futuro da música.
“Be Here Now” merece, hoje ser ouvido no último volume e apreciado como uma grande disco de uma grande banda, coisa que dificilmente iremos ver e ouvir atualmente.