Por Anderson Nascimento
Como um mantra “Love is All We Have Left” é canção que corrobora o conceito de continuidade que “Songs of Experience”, 14° disco de estúdio do U2, pretende apresentar. Se “Songs of Innocence” (2014), passava por temáticas adolescentes, neste álbum a banda retrata temas mais maduros, sobretudo abordando sentimentos dos mais diversos que acometem a vida adulta.
A pretensão inicial da banda era que o disco viesse a ser lançado no fim de 2016, porém o lançamento foi postergado por um ano diante de um cenário sociopolítico que tinha como questões principais a eleição para presidente nos EUA e a iminente saída do Reino Unido da União Europeia.
Tal fato fez com que a banda pudesse refazer boa parte do álbum, Bono reescreveu letras, enquanto alguns arranjos foram recriados a fim de preparar as canções para serem melhores executadas ao vivo. Isso fica evidente em alguns momentos como “Lights of Home”, que segue a linha Pop/Rock em canção que tem toda a pinta de que vai crescer bastante ao vivo. O mesmo ocorre em “American Soul”, nesse caso, muito mais por causa de seu refrão, feito para ser cantado com punhos fechados.
Mesmo que não tenha encantado os críticos mundo a fora, “Songs of Experience” possui momentos arrebatadores, como no caso do single “You’re The Best Thing About Me”, que apresenta versos carinhosos e música redonda, fazendo dela uma das melhores canções do U2 em anos, muito por conta de sua música redonda e de seus versos carinhosos.
Em alguns momentos do álbum as composições superam a própria música, como no caso da motivadora “Get Of Your Way”, segundo single do disco, ou ainda “13 (There’s a Light)”, faixa escolhida para encerrar o disco. No entanto, os bons refrãos também não conseguem salvar algumas canções que acabam passando batido, como por exemplo, “Summer of Love” e “The Little Things That Give You Away”.
Há espaço ainda para canções mais simples e eficientes como a boa “The Showman (Little More Better)” ou ainda “Landlady”. Mas o momento mais forte (e mais U2) no álbum é “The Blackout”, faixa que emula a banda em seus melhores momentos e, consequentemente, é uma das melhores do disco. Já caminhando para o seu fim, o álbum traz a mensagem de amor “Love Is Bigger Than Anything In Its Way”, a única verdadeira balada do álbum.
Em linhas gerais, o novo disco do U2 aponta um caminho otimista, muito embora pontue as dificuldades dos dias atuais e até o pessimismo, apontado pela já citada “The Blackout”. Se não fez nenhum disco brilhante, ao menos o U2 conseguiu entregar um disco bom, com algumas faixas que certamente encherão os fãs de orgulho.