Resenha do Cd Songs Of Innocence / U2

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SONGS OF INNOCENCE
U2
2014

UNIVERSAL MUSIC
Por Anderson Nascimento

Muito já foi falado sobre a estratégia da Apple em lançar o novo disco do U2 e dar aos usuários de seus gadgets o disco de graça. Se a estratégia ajudou ou prejudicou a estreia do disco, isso é um assunto que renderia um texto exclusivo, dessa forma vamos então nos ater às canções do novo disco da banda, que efetivamente é o que importa aqui.

Já sem lançar um disco de inéditas desde o mediano “No Line On The Horizon” (2009), o U2 traz nesse novo disco canções que ecoam, não musicalmente, mas ideologicamente ao passado. Durante esse tempo a banda se dividiu entre produtores e canções, sofrendo da autoanálise crítica que levou Bono a se perguntar se eles ainda poderiam ser musicalmente relevantes, fato provavelmente responsável pelos seguidos adiamentos que o lançamento do álbum teve.

Dessa forma, canções como a boa faixa de abertura “The Miracle (of Joey Ramone)” são provas da reminiscência presente no álbum, enquanto que a brincadeira vocal no início de “California (There is no End To Love)” associa os Beach Boys com a própria temática da música, e “This Is Where You Can Reach Me Now", dedicada a Joe Strummer do The Clash, resulta na segunda citação às influências musicais da banda.

Se o disco tende a falar do passado, musicalmente as canções pouco reverberam essa ideia. A balada “Every Breaking Wave” e a boa balada pop “Iris (Hold Me Close)”, que fala sobre a mãe de Bono, são alguns dos poucos momentos que matizam os anos oitenta.

Por mais que a banda tenha tentado se superar nesse novo álbum, o seu resultado não apresenta as armas usadas pelo grupo para conquistar o seu objetivo inicial. O disco tem sim algumas ótimas canções e, embora seja melhor que o último álbum de estúdio, a diferença não passa de apenas ligeira.

Entre as melhores canções do disco, estão as faixas de maior impacto sonoro, como o explosivo Rock “Volcano”, canção guiada pelo baixo de Adam Clayton e sustentada pela guitarra nervosa de The Edge, que se assume como o Rock do disco, inclusive em sua letra. Outra canção que segue essa pegada, embora em menor grau, é "Cedarwood Road", que relembra com algum estardalhaço a rua que Bono viveu durante a sua juventude em Dublin.

Por outro lado, não há como não torcer o nariz para momentos como a insípida “Sleep Like a Baby Tonight”, ou ainda a modernosa “The Troubles”, que agrega a participação da cantora Lykke Li, e fecha o disco deixando a certeza de que a banda não foi muito feliz na escolha da faixa derradeira de seu novo álbum.

Em geral, é impossível fechar os olhos (ou ouvidos) para a boa qualidade deste novo disco que, apesar de conceitualmente relevante, deixa um pouco a desejar em termos de musicalidade. Faltam faixas que te façam querer cantar de olhos e punhos fechados; aquele single forte e cantarolável como, por exemplo, o “All That You Can Leave Behind” (2000) tem de sobra. Ainda assim temos um disco longe de regular, contudo, que não evolui tanto de onde o álbum anterior parou.

Resenha Publicada em 04/11/2014





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