Por Anderson Nascimento
O novo disco do Oasis, veio para provar para os que acreditavam que a banda não tinha mais a sua devida importância, que a turma dos Gallagher ainda tem boa parte do planeta sob seus pés. Há muito não havia tanta agitação em torno de um lançamento, mais precisamente desde 2002 quando os mesmos lançaram o último disco "Heathen Chemistry". Com esse novo disco, o Oasis provou que basta eles aparecerem para voltar a dominar as rádios e a imprensa. No fundo isso não é ruim, pois em tempos de escassez de grandes ídolos, o Oasis prova ser uma das bandas mais importante dos anos 90, e após mais de dez anos continuam no auge.
Para ouvir este disco, apontado recentemente por um crítico da Folha de São Paulo como melhor do ano, o ouvinte terá que esquecer tudo o que ele sabe sobre o Oasis, ou seja, a banda produziu um verdadeiro cala-boca aos que acusavam a banda de se repetirem.
As guitarras poderosas e escandalosas sumiram, não há nada que lembre o peso do clássico "Be Here Now". As mega-baladas de discos como "What’s The Story Morning Glory", também não estão lá. O disco segue sem se preocupar demais com um som polido ou mega-produzido, preocupando-se apenas em tocar músicas boas, utilizando a simplicidade e o talento dos membros da banda e a força das próprias canções.
As referências, por outro lado, estão todas lá. Dessa vez, porém, os horizontes não se limitam apenas aos Beatles (também lá em boa parte das músicas), mas o disco passa por sons dos anos 70, riffs tirados de clássicos dos Rolling Stones, e, pasmem, até Bob Dylan!
Do "one, two, three, four" de "Turn up the sun" até "Let There Be Love", última faixa do disco, com os vocais divididos entre os dois irmãos e levada que lembra o épico "A day in the life", dos Beatles, temos músicas diferentes uma das outras, um álbum com sonoridade heterogênea, que vai te surpreendendo a cada faixa.
A democracia impera no álbum, a faixa de abertura por exemplo é foi composta por Andy Bell e o álbum segue com as composições divididas entre os quatro membros da banda, o que contribui ainda mais para a qualidade das composições do álbum.
"Mucky Finfgers", segunda música do disco, pega todo mundo de surpresa com o seu instrumental persistente, uma linda interpretação de Noel e uma levada a lá Bob Dylan, com direito a gaita e tudo.
"Lyla", primeiro single do disco, lembra os riffs da música "Street Fight Man" dos Stones e já mostra à imprensa o novo som do Oasis. Assim como "Lyla", "Part of The Queune" e "Keep the dream alive" lembram muito o som dos Stones, forte influência deste disco.
As influências dos Beatles não poderiam faltar e estão espalhadas pelo disco, com fortes influências do Álbum Branco "Love Like a Bomb", "Guess God Think’s I’m Abel". Além de uma música em especial "The Importance of Being Idle" que é a canção mais diferente de todas já gravadas pelo Oasis, com uma batida quase circence, parece ser uma música perdida do "Sgt. Peppers", e poderia muito bem estar incluída no álbum dos Beatles. "A bell will ring", também passa pelos Beatles em uma levada no estilo "Tomorrow Never Knows" do "Revolver".
"The Meaning of Soul", vai buscar o seu ritmo nos anos 70, lembrando "Velvet Underground", em uma batida empolgante, mostrando que as referências estão cada vez mais distintas.
Para o largo deleite de quem gosta de boa música esse disco é uma verdadeira viagem a 40 anos de Rock, merece ser ouvido, aproveitado, e idolatrado. Depois de um álbum tão mal falado e sem inspiração como foi "Heathen Chemistry" , o Oasis coloca mais um disco no hall dos intocáveis.