Por Valdir Junior
Depois de inventar e escrever os principais mandamentos do Rock and Roll e primeiro personificar o arquétipo do “Guitar Heroe”, nada mais se esperava, musicalmente de Chuck Berry, mesmo porque, o que ele fez nos anos de 1955 a 1962 continua a reverberar até hoje na musica mundial, e isso não é para qualquer mero mortal, então, quando foi anunciado em outubro de 2016, que Chuck Berry iria lançar em 2017, um novo álbum de estúdio, o primeiro em quase quarenta anos, a curiosidade para ouvir um material “novo” desse senhor de noventa anos de idade foi colocada em alerta. Infelizmente Berry ascendeu de vez ao reino dos deuses do rock em março deste ano, deixando “Chuck”, o álbum, pronto para nós.
Agora, ao ouvir o álbum, não espere encontrar nada de novo em “Chuck”, aqui Berry traz o mesmo arcabouço musical com o qual veio trabalhando, reciclando e remodulando desde a sua época de ouro e que fez a cabeça de gente como Keith Richards e John Lennon. O álbum, produzindo pelo próprio Chuck Berry, traz ele liderando uma banda básica de piano, baixo e bateria, com algumas participações especialíssimas, como a de Tom Morello, guitarrista do “Rage Against The Machine” em "Big Boys" e do guitarrista Gary Clark Jr. em "Wonderful Woman", além de seu filho, Chuck Berry Jr e seu neto Chuck Berry III, nas guitarras, e sua filha, Ingrid Berry, nos vocais e harmônica.
Sem duvida o grande destaque do CD são as faixas, "Wonderful Woman", "Big Boys" e "Lady B. Goode", as duas primeiras trazem um fôlego, urgência e ardido revigorantes, talvez devido às participações especiais, e a última por ser a contrapartida feminina de "Johnny B. Goode"; nas demais temos Berry desfilando com ginga, malícia e paixão, temas que passam pelo blues, jazz e pelo rock básico, nada novo, mas delicioso de se ouvir, como aquela comida que só sua mãe ou avó, sabe fazer, por isso, divirta-se e saboreie temas como, "Darlin", "She Still Loves You", "Jamaica Moon", "Dutchman" e "Eyes of Man".
Musicalmente, “Chuck”, como já dito, nada acrescenta a obra musical de Chuck Berry, mas funciona como epitáfio honesto, sincero e verdadeiro da trajetória desse pioneiro do Rock and Roll.