Por Anderson Nascimento
O sétimo disco da maior banda britânica desde o seu surgimento, que quebrou mais um recorde, vendendo 600 mil ingressos de sua nova turnê em uma hora, é motivo de orgulho para os seus fãs, e certamente um novo incômodo para aqueles que os odeiam.
Dig Out Your Soul, assim como o álbum anterior, foge de repetições e do sucesso fácil. Com uma postura que tende a olhar para frente, obviamente sem esquecer de olhar para trás, o álbum materializa um formato de degustação prazerosa da primeira à última faixa.
No início da obra, os Gallaghers surpreendem o ouvinte com a ultra-poderosa “Bag It Up”, uma ode ao psicodelismo com upgrade na medida para o século 21. A música é uma verdadeira terapia do caos que eleva o astral de qualquer um que ouse a encará-la, e certamente faz o fã da banda soltar um sorriso no canto da boca, como quem diz “Esses caras são fodas!”
E para quem espera um disco de alto nível após a audição da primeira faixa, consegue achá-lo no decorrer do álbum. “The Turning” é responsável por manter o álbum no clima da faixa anterior, com um Rock que poderia estar situado entre “Definitive Maybe” e “What´s The Story Morning Glory”, fazendo o ouvinte querer levantar e dançar. Certamente será um grande momento nos shows da turnê atual.
As referências aos Beatles, claro, estão ainda permeando a obra da banda. Como é o caso do incrível encerramento de “The Turning”, onde “Dear Prudence” pode ser ouvida pelas mãos do Oasis. No single “The Shock of The Lighting”, outra porrada gostosa do álbum, Liam fala “Love is a litany, a Magical Mistery ”. A faixa “To Be Where There´s Life ” é tocada com instrumentos indianos bem no estilo George Harrison. Bom, não está satisfeito? A faixa “I´m Outta Time” é uma homenagem de Liam a John Lennon, seu maior ídolo, trazendo inclusive um trecho de uma entrevista do Beatle.
Musicalmente, o disco está bem variado, um pianinho ao longo de “The Turning” torna a música ainda mais brilhante, assim como os efeitos eletrônicos na mesma música. Na faixa de abertura, temos um pequeno solo de bateria que chega a deixar o ouvinte meio zonzo no interlúdio do fim da canção. Falando em bateria, Zak Starkey (filho de quem?) destrói em “The Shock of Lightning”.
Após o encandeamento que segue até a quinta faixa, a balada “I´m Outta Time”, o disco perde um pouco do seu peso e, ao logo das outras faixas, temos alguns momentos bons como em “Falling Down”, um misto de música eletrônica com “Tomorrow Never Knows”, e outros nem tanto como a distorção de voz de Noel na bela “High Horse Lady”.
No fim das contas, o Oasis prova mais uma vez ser uma banda necessária para música, lançando um disco que certamente não passará em branco.