Resenha do Cd Be / Beady Eye

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BE
BEADY EYE
2013

SONY MUSIC
Por Valdir Junior

Geralmente o segundo álbum de uma banda é uma prova de fogo, onde ela demonstra se tem competência e criatividade bastante para se manter ativa. Apesar de não serem mais caros desconhecidos os membros do Beady Eye também não escaparam de ser avaliados de um jeito ou outro neste segundo trabalho. Se no primeiro “Different Gear, Still Speeding” de 2011, encontramos uma banda (e principalmente o vocalista Liam Gallagher) querendo mostrar que tinham cacife o bastante para continuar a fazer música sem depender das músicas e do talento como compositor de Noel Gallgher, neste encontramos uma banda mais relaxada, sabendo muito bem o que quer.

Em “BE” a banda dá alguns passos a frente do trabalho realizado no álbum anterior. A convivência enquanto banda e os shows realizado nestes dois últimos anos que eles tiveram para gestar o álbum ajudaram a ter uma preocupação maior com os arranjos das músicas e deixar o álbum um pouco menos roqueiro que o anterior, mas cheio de sutilezas e climas que enriquecem a qualidade das canções.

Produzido pela própria banda e por Dave Sitek, que já produziu “Yeah Yeah Yeahs”, “TV on the Radio” e “Jane's Addiction”, entre outros, “Be” tem a sonoridade muito mais próxima do vem sendo feito hoje em dia, mas as referências dos 60’s e 70’s ainda estão todas ali, começando com capa, uma fotografia de 1969 feita por Harri Peccinotti para os famosos calendário da Pirelli dos anos 60, e as já conhecidas referências musicais da banda que são percebidas da primeira à ultima faixa, e as esperadas citações aos Beatles aqui e ali, tanto nas letras, títulos e principalmente nas melodias e arranjos (é até legal de repente se deparar com uma delas no meio de uma musica).

Abrindo com "Flick of the Finger" de batida empolgante e com um bom e pesado arranjo de metais (que lembram um pouco uma determinada música do álbum “Revolver” dos Beatles) que aliado ao riff de guitarra costuram a música ao vocal de Liam. "Soul Love" é meio soturna, com Liam cantando bem arrastado e com um violão marcando a batida da música; "Face the Crowd" e "I'm Just Saying" são músicas típicas para serem ouvidas no último volume, com guitarras ardidas e também ideal para o publico cantar junto com Liam nos shows.

"Second Bite of the Apple" tem o vocal mixado muito junto dos instrumentos e a levada na percussão que lembra um pouco “Simpathy For The Devil” dos Stones; "Soon Come Tomorrow" é uma balada ao violão bem legal, onde o vocal de Liam parece ao mesmo tempo sussurrar e a nos desafiar se vamos esperar até o amanha chegar. Alias uma coisa fica bem clara ao ouvir “BE” por inteiro é constatar a quantidade de violões usados nos arranjos das músicas, que vão da mais leve passagem até a mais pesada e "Iz Rite" é um bom exemplo disso.

"Don't Brother Me" composta por Liam, onde ele passa alguns recados para seu irmão mais velho e diz no refrão “In the morning / I've been calling / I'm hoping you understand / All and nothing / I'll keep pushing / Come on now, give peace a chance / take my hand, be a man”, também tem uma coisa final bem “espacial” com citaras, zumbidos e sinos que embelezam ainda mais a música.

"Shine a Light" é outra musica onde os violões conduzem a batida da música que também tem uma pegada bem psicodélica e cheia de climas: "Ballroom Figured" é simples, direta e confessional, só Liam, um violão e uma percussão de leve, nada mais. O CD se encerra com "Start Anew", outra balada que cresce um pouco, mas não empolga muito.

A versão deluxe de “BE” conta com mais 4 faixas bônus: "Dreaming of Some Space", uma faixa em backtrack (faixa ao contrário) um pouco psicodélica demais e que não faz muita falta no álbum; "The World's Not Set in Stone" que o Beady Eye já havia tocado algumas vezes ao vivo, é bem animada, lembra um pouco “Instant Karma” de John Lennon e no final temos mais backtracks de guitarras, pianos, sopros; "Back After the Break” e "Off at the Next Exit" vão para o mesmo caminho, tipicamente “Lennon fase Walls and Bridges” o que não é um demérito diga-se de passagem.

Para os fãs mais radicais e colecionadores a versão disponível no Japão de “BE” tem ainda mais 2 faixas bônus: "Girls in Uniform", outra música à base de violão que poderia muito bem estar no primeiro álbum da banda e "Evil Eye" uma pequena obra prima, candidata a ser a “Wonderwall” do Beady Eye, com Liam cantando chorosamente, acompanhando por um belo vocal feito por Gem e Andy e um solo de guitarra que de tão simples emociona demais, só essa musica já vale a pena ir atrás dessa versão japonesa.

O Resultado final de “BE” é bem positivo, mostra muito bem que tanto Liam, Gem, Andy e Chris Sharrock, não precisam viver à sombra do Oasis ou Noel, o material produzido nesse novo álbum é superior ao anterior em qualidade e desempenho. O nome do álbum “BE” é tanto a abreviação do nome da banda, quanto a demonstração do que lês são agora (be = ser). Agora é só esperar para ver o que o Noel vai soltar depois de ouvir esse álbum!



Resenha Publicada em 10/06/2013





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