O quarto CD do prolífico jovem cantor João Senise, “Influência do Jazz”, reafirma o tino do artista pela gravação de álbuns conceituais. Em seu primeiro trabalho João cantou standarts do Jazz, no segundo álbum o artista releu canções de Ivan Lins, no terceiro, ousou ao interpretar canções de Sinatra, agora, João traz o Jazz sob o ponto de vista da influência do estilo na música, sobretudo, na Bossa Nova.

O disco traz diversos convidados especiais, entre eles, Alaíde Costa, Antonio Adolfo, Aurea Martins, Edu Lobo, Joyce Moreno, Roberto Menescal, Sueli Costa e Wanda Sá, além de participações de músicos como Mauro Senise, Pascoal Meirelles, Quarteto Radamés Gnattali, Rildo Hora e Romero Lubambo.

João inicia o disco de forma bastante descontraída com a Bossa “Estamos Aí” (Maurício Einhorn, Durval Ferreira, Regina Werneck) que traz a rica participação do maestro Rildo Hora no Realejo.

“Influência do Jazz” (Carlos Lyra), faixa que dá nome ao disco e traz o violonista Romero Lubambo, pontua perfeitamente o trabalho, sobre a influência do ritmo americano em ritmos consagrados. Impressiona nesta canção a proximidade da interpretação de Senise com o estilo de cantar de um de seus ídolos, Ivan Lins, aproximação que também ocorre em “Tem Dó” (Baden Powell, Vinícius de Moraes), dobradinha com a cantora Wanda Sá.

Falando em dobradinha, o disco serve o ouvinte com várias delas, algo que deixa o trabalho bastante arejado. “Fotografia” (Tom Jobim) posta João em traços românticos com a cantora Joyce Moreno, com a ornamentação das cordas do Quarteto Radamés Gnattali. Em “Samba de Verão / So Nice” (Marcos Valle, Paulo Sergio Valle, Norman Gimbel), João faz dueto com a cantora Áurea Martins, na canção interpretada em português e inglês. “Jura Secreta” (Sueli Costa, Abel Silva) traz a cantora Sueli Costa com uma grande interpretação do anfitrião, sob a cama sonora formada pelas cordas do Quarteto Radamés Gnattali. “Eu e A Brisa” (Johnny Alf) traz João e a diva Alaíde Costa, em ótima parceria.

O clima carioca também é um importante elemento nesse álbum. Assim, canções como “Rio” (Roberto Menescal, Roberto Bôscoli), que traz a participação de Roberto Menescal, e “Balanço Zona Sul” (Tito Madi), com a dupla Mauro Senise e Romero Lubambo, que lançaram um disco juntos em 2016, dão o tom. “Sá Marina” (Antonio Adolfo, Tibério Gaspar), conta com a participação de Antonio Adolfo no piano e Nelson Faria no violão, e é outro momento em que percebemos João Senise bem à vontade em sua interpretação.

João Senise, que tem se mostrado proficiente na escolha de seus repertórios, também passeia pelo cancioneiro internacional, porém, sempre há alguma razão destas músicas estarem em um disco que pauta a influência do Jazz na Bossa Nova. “Estate” (Bruno Martino, Bruno Brighetti), por exemplo, é uma canção, composta nos anos 60 pelos italianos Bruno Martino e Bruno Brighetti, que ganhou a sua versão definitiva ao se gravada com levada jazzística por João Gilberto em 1977. Vale destacar que esta é uma das melhores gravações deste novo disco. Além do italiano, João também se aventura pelo francês em “La Mer” (Charles Trenet, Albert, e pelo inglês, na ótima “The Look of Love” (Burt Bacharach, Hal David).

O disco fecha com outro destaque do CD: “A História de Lily Braun” (Edu Lobo, Chico Buarque), faixa que traz Edu Lobo e Mauro Senise, canção que remonta os grandes musicais do passado, revelando uma grande parceria entre os dois artistas.

Com produção do próprio João Senise, Direção musical, arranjos e piano novamente pilotados pelo maestro Gilson Peranzzetta – que trabalhou com João em todos os seus discos –, João crava mais um trabalho sofisticado e relevante em sua discografia, cantando o tipo de canção que gosta, sem se importar com modismos.

“Influência do Jazz” será lançado no dia 10 de fevereiro de 2017, na Sala Cecília Meireles com a presença dos convidados que participaram do cd.