Por Anderson Nascimento
“Novo Álbum” é um nome simples, mas talvez o mais adequado para o novo trabalho de Paulo Ricardo. Seu novo álbum solo traz uma série de texturas já exploradas anteriormente pelo artista, como Rock, Pop, Folk, Balada e Eletrônica. A linda capa, que traz uma foto de seu filho, dá pistas do que pode ser encontrado no disco, ou seja, temas como amor, família e afeto.
Sem o esforço de apontar para uma ou outra direção, Paulo Ricardo faz um álbum aprazível e satisfatório, não se importando essencialmente em querer apresentar nada de novo, mas certamente trilhando os caminhos que o seu coração decidiu sugerir.
O disco assusta em seu início com a faixa “Novo Single”, canção de pegada feroz, muito por conta da voz assustadora do cantor e da base pesada da música, em letra que fala sobre as vicissitudes do comprar e vender nos dias de hoje. A própria faixa fala sobre a questão da simplicidade abordada no início deste texto: “...eu espero que você entenda...que o mais simples é sempre o mais bonito...”.
A faixa seguinte é “Raios X”, um dos destaques do disco, a canção é releitura de faixa incluída originalmente no álbum de sua então banda PR-5. A música é um PowerPop que chega a lembrar o som feito nos tempos do RPM, e ganha aqui uma bela produção e interpretação.
Falando em sonoridade antiga, a feliz “Como Você” encanta pelo arranjo extremamente popular, que emula canções desse naipe que pulularam aos montes nos anos 80. Já as canções “Eu e Você (o x da questão)” e “Tanta Coisa” são bem mais modernas, parecendo flertar com o Rock britânico de Coldplay e U2, respectivamente, inclusive, no caso da segunda, a guitarra lembra muito o timbre do The Edge, guitarrista do U2.
Apesar de tanta mistura, talvez o caminho mais bem pavimentado do disco é o Pop. “Sexy”, a faixa lasciva do disco, possui batida pop, e se permite citar ladys que ficaram conhecidas através de Beatles e Dylan. O ápice pop, porém, é a canção “Juntos”, que tem toda a pinta de ter sido feita para as pistas de dança.
O disco também carrega beleza ao passear por vocais gospels em “Vida Nova”, já no finalzinho do CD. Das faixas mais bonitas do álbum, no entanto, encontra-se “Isabela”, balada paternal de letra apurada e emocionante que não à toa foi escolhida como primeiro single do álbum.
Com produção dividida entre João Paulo Mendonça, Guilherme Canaes e Marcelo Sussekind, Paulo Ricardo faz um álbum interessante e honesto, que acaba compensando os dez anos de jejum no que diz respeito ao lançamento de um trabalho solo.