Por Valdir Junior
Para muitos, o período final da década de 1960 e inicio da década de 1970, foi o auge do Blues Rock, com bandas como o Cream, The Jimi Hendrix Experience, Led Zeppelin, Free, Fleetwood Mac (fase com Peter Green), Janis Joplin, Humble Pie, todos estes encabeçando as paradas de sucessos do mundo todo com a sua mistura explosiva, psicodélica e roqueira do Blues. Desde então, sempre que uma nova banda aparece nesse estilo, ela é logo rotulada como “retrô”, como se fosse quase decretado que tanto o estilo como as bandas não mais evoluiriam.
Na maioria dos casos isso é uma verdade até chata, mas em tudo há suas exceções, e aqui podemos citar bandas e artistas como o Gov’t Mule, Gary Clarck Jr., Tedeschi Trucks Band e de um certa forma o Rival Sons. Agora mais uma nova banda pode ser escalada para essa seleta lista, uma banda que consegue fazer a ponte passado-futuro, com fórmula básica de guitarra, baixo, bateria e voz, eu falo da banda sueca Blues Pills.
O improvável fato de um banda vir de um país, menos saturado musicalmente e sem grande tradição no estilo, como a Suécia, só aumenta o grau de novidade do Blues Pills, banda formada em 2011, pela bela vocalista Elin Larsson , Zack Anderson (baixo), André Kvarnström (bateria) e o precoce guitarrista de dezesseis anos, Dorian Sorriaux. Nos últimos anos a banda rodou por quase toda a Europa e participou de vários festivais por lá.
Os shows da banda são, para dizer o mínimo, espetaculares, com sua força, energia, intensidade e frescor em combinar blues, rock and roll, com um pouco de soul music e boas doses de psicodelia. No Youtube há vários vídeos de apresentações inteiras da banda para comprovar. Depois de lançarem alguns EP’s a banda lançou no final de 2014 o seu autointitulado, primeiro CD “Blues Pills”.
Esse é um daqueles, ultimamente raríssimos álbuns em que da primeira à última faixa, conseguimos embarcar numa viagem sonora, onde cada música é um lugar idílico que se conecta a nós de forma intensa e mágica. Um exemplo é “High Class Woman” onde somos jogados na parede com o groove pulsante de baixo que explode petardos da mais pura energia quando se junta a guitarra e o vocal a lá Janis Joplin/Robert Plant de Elin Larsson. Impossível não ficar arrebatado com essa música, que, aliás, tem um vídeo altamente inspirado no filme “Taxi Driver” do diretor Martin Scorsese.
Ficar aqui descrevendo faixa-a-faixa, as demais músicas do CD, que na edição que saiu aqui no Brasil ganha duas faixas bônus, “Dig In” e “Time Is Now”, ambas do EP “Devil Men”, acaba sendo um desserviço ao leitor, porque, nesse específico caso, tira o prazer da descoberta, da surpresa de cada timbre, melodia, nota e batida que esses quatro jovens suecos estão entregando e renovando nesse excepcional primeiro álbum, que deveria vir com aquele clássico aviso “This Record Should Be Played Loud”.
O deleite sonoro que se chega ao final da audição do CD não tem comparação, e é quase patológica a necessidade de se apertar o play novamente para embarcar nessa viagem eletrizante. A capa psicodélica e colorida do CD é um grande indicativo do quanto podemos deixar mais alegres e coloridas nossas vidas e cabeças, ouvindo o Blues Pills. Uma pílula de felicidade que todo médico deveria prescrever.
E pode contar que vamos ouvir ainda muito mais dessa banda, que já lançou neste ano de 2015 um CD ao vivo e está só no inicio da sua longa, dura e sinuosa viagem pelas estradas do mundo e da música.