Resenha do Cd Depois Do Fim / Bacamarte

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DEPOIS DO FIM
BACAMARTE
1983

INDEPENDENTE
Por Tiago Meneses

Um excelente álbum de rock progressivo vindo da nossa terra mesmo, pra mim, o melhor álbum do gênero já produzido no Brasil. Trata-se do septeto, Bacamarte. Formada por Mario Neto (guitarra/vocal), Sérgio Villarim (teclados), Delto Simas (baixo), Marco Veríssimo (bateria), Marcus Moura (flauta/acordeão), Mr. Paul (percussão) e Jane Duboc (vocais).

O ano era o de 1983, época que o rock progressivo por muitos especialistas estava dado como morto. A banda então através do disco de nome propício para a situação chamado, "Depois do Fim", mostrou que talvez a chama do gênero tenha acalmado dentro da Inglaterra, seu principal reduto (e assim ficaria até o começo dos anos 90), mas bandas de outros países estariam produzindo excelentes trabalhos.

A música do Bacamarte é rica e sinfônico, com teclados maravilhosas e uma excelente flauta que ilumina as composições cheias de pompas. A banda sem suas maiores influência na escola italiana de rock progressivo, espelhando em bandas como, Locanda del Fate, Premiata Forneria Marconi e Quella Vecchia Locanda.

O álbum começa através de, "UFO", com alguns belos acordes de guitarras acústicas bem com a cara de grandes violonistas brasileiros do passado. A música move-se a uma espécie de serenata, adoçada por flautas Guarani. Depois a banda adentra em um balanço mais rock 'n' roll com majestoso sintetizador. Contém um outro movimento onde a cadencia destacada fica por conta do dedilhado de guitarra e passagens de teclado. A flauta em seguida volta a participar ativamente da música junto do sintetizador. Excelente começo.

"Smog Alado", mostra claramente influências da banda em uma linha perto de Jethro Tull, Camel e Emerson Lake & Palmer. Os vocais de Duboc aparecem em uma espécie de estado de espírito renascentista (outro fator de influência), forte, decisivo, atraente. Parte final da música é muito sinfônica e cativante.

"Miragem" abre com algumas músicas orientais, logo substituídas por guitarras ácidas, que permeia a metade da faixa, até que uma flauta entoando uma bela canção é adicionado dando uma sensação deliciosa. O ritmo de guitarra anterior retorna até que a música chegue ao seu final.

A quarta faixa é "Pássaro de Luz". Uma canção montada especialmente para a voz de Jane Duboc, tem guitarras acústicas agradáveis, a sensação geral é pueril, sonhadora. Não há muito o que dizer, só que trata-se de um belo trabalho.

"Cano", mais uma curta canção do álbum, é o momento para os músicos mostrarem um pouco suas habilidades, embora a música poderia ser maior para isso acontecer de forma mais impactante. De qualquer forma, o resultado final é bem satisfatório.

Então que é hora de ir de uma das músicas mais curtas para a mais longa do álbum através de, "Ultimo Entardecer". A faixa traz de volta a tendência sinfônica, soando como uma espécie meio de épico, acompanhado por letras filosóficas sobre morte, loucura, medo, esperança. Traz agradáveis sintetizadores, belas passagens de guitarra e maravilhosos seguimentos de piano. Os vocais de Duboc aparecem de maneira precisa como quem anuncia um diálogo entre os instrumentos.

"Controvérsia" abre com uma batida de bossa-nova notória, seguido de uma alquimia sonora que tem semelhança com uma jam session. De qualquer forma, nos dá uma certa sensação de ser um material pra ser de puro enchimento no álbum.

"Depois do Fim", música homônima ao álbum, é puramente sinfônica. O ambiente criado pela música é obscuro, vocais são sombrios, e a instrumentação é preciosa, enérgica, bem de acordo com o tema escatológico, o possível fim dos tempos, o apocalipse.

"Mirante das Estrelas", a faixa de encerramento, se encaixa bem porque resume todo o conteúdo do álbum, peça por peça, é como um quebra-cabeça que está sendo resolvido. Todas as melodias e acordes ouvidos ao longo do álbum é revivido de forma harmoniosa e vividamente. A parte melancólica e triste perto do final da música traz o desfecho em tom de serenidade e paz.

É isso, "Depois do Fim" é uma verdadeira joia dentro do rock nacional, sobretudo aos amantes de rock progressivo. Provavelmente o disco que melhor representa o Brasil dentro da crítica estrangeira. Um petardo obrigatório. Incrível.

Resenha Publicada em 25/03/2015





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