Por Anderson Nascimento
Vindo de uma boa fase musical, Ringo Starr lançou o álbum “Liverpool 8” seguindo a onda da nomeação de sua cidade natal como “Capital Européia da Cultura”, o que, claro, deu um sentido ainda maior à faixa título, canção que abre o disco.
O épico single “Liverpool 8”, aliás, foi muito tocado em seu lançamento, levando Ringo a fazer várias apresentações púbicas tocando a referida música. A canção agradou tanto que até hoje ela é tocada nas turnês do baterista, provando ser um dos novos clássicos da carreira de Ringo Starr.
Apesar disso, nem tudo foi tão bem sucedido quanto o single. A produção do disco foi marcada por vários problemas, o que acabou atrasando o seu lançamento, que aconteceu no início de 2008. O maior desses problemas foi a briga que rolou entre Ringo e Mark Hudson, produtor de todos os discos lançados pelo ex-Beatle desde “Vertical Man”, que acabou acarretando na substituição de Mark pelo ex-Eurythmics Dave Stewart, que assumiu a produção do disco, fato que pode ser notadamente percebido no álbum.
De cara, aquela “cama sonora”, já manjada nos discos da fase Mark Hudson, desaparece em “Liverpool 8”, dando lugar a uma sonoridade menos uniforme, investindo em uma gama de músicas de sotaques distintos.
Apesar de o disco cair um pouco em relação à “Choose Love” (2005), o álbum traz algumas valiosas pérolas, caso de “Give It a Try”, que consegue lembrar bastante o som feito por Ringo na fase “Ringos Rotogravure” (1976). Outras jóias desse mesmo quilate são as pacifistas “For Love” e “If Its Love That You Want”, ambas estão entre as melhores músicas do disco e seguem a protocolar inclusão de ao menos uma canção pacifista que Ringo costuma distribuir por álbum.
A heterogeneidade do álbum soa bem, mas sente-se alguma falta de cuidado com algumas de suas faixas, o que acaba puxando para baixo o resultado final do disco. “R You Ready”, por exemplo, poderia ter se tornado uma grande música, mas Ringo optou por incluir em seus arranjos microfonias e distorções vocais. Ainda assim, a faixa é um grande momento Country, mas que certamente poderia ter rendido muito mais.
Algumas das antigas fórmulas tradicionalmente presentes nos álbuns de Ringo são repetidas nesse disco, caso das já citadas canções de paz e amor, participações especiais e homenagens. “Harry´s Song” é a homenagem do disco, nesta baladinha em ritmo de Standart, Ringo homenageia o amigo de bebedeira Harry Nilson, relembrando a fase pesada vivida por Ringo nos anos setenta.
O disco também tem aqueles Rocks no estilo pesado, caso de “Think About You”, que lembra Rocks recentes que Ringo tem feito em seus álbuns, recheado de peso e melodia.
“Liverpool 8”, é um álbum que alterna altos e baixos e, enquanto que canções como “Pasodobles”pesam bastante contra o resultado final do disco, chegando a beirar o desagradável ouvir Ringo tentando pronunciar a palavra que dá nome à canção, “Gone Are The Days”, música do disco que cita “I Don’t Como Easy”, é bela e pretensiosa, que só não emplaca por ser uma canção curta demais. Feito de erros e acertos, o certo é que o disco consegue manter o bom nível dos discos da fase mais recente de Ringo Starr.