A banda carioca “Chalaça” é daquelas a qual vale a pena dedicar um tempo para ouvir seu som com calma e atenção. Seu mais recente lançamento, “Teorias Mirabolantes”, terceiro do grupo, é repleto de momentos de grande relevância artística, principalmente no que diz respeito às composições, todas do próprio grupo.

Já no início do disco, “Labaredará”, mostra a facilidade do grupo em dar sentidos diferentes às coisas, fazendo associações imprevistas com as palavras. A sequência com “Batam Palmas” traz coro interessante, por cima de outra boa sacada relacionada à habilidade do grupo em costurar suas composições.

Ao longo do disco, o grupo reflete sobre comportamentos que parecem tão óbvios nos dias de hoje, como usar o aparelho de celular, na canção “Lá Vem o Cara”, a mais Pop do disco. “Vai, Maria!”, faixa seguinte, mostra o grupo em uma espécie de Samba moderno, repleto de suingue, em uma das faixas mais bacanas do disco.

Entre momentos que beiram à saudade da infância, como a emocionante “Bombardino”, e de tudo aquilo que resgata a nossa condição de eterna criança, caso de “Vô Paulo”, faixa com o precioso sabor de “Senhor Brasil” do estimado Rolando Boldrin, o grupo consegue fazer um álbum coerente e coeso.

Com vocais urgentes e instrumentais competentes, o grande diferencial do grupo é a sua originalidade e a fusão ritmos em suas canções, situadas entre o Pop-Rock e a MPB tradicional, têm-se então a nítida certeza de que estamos ouvindo algo novo, com uma ou outra referência, situadas em algum lugar dos anos 70.