Resenha do Cd O Terço / Terço, O

O TERÇO title=

O TERÇO
TERÇO, O
2010

DISCOBERTAS
Por Anderson Nascimento

Dando sequência ao lançamento de raridades da música brasileira, o selo Discobertas coloca em catálogo o raro primeiro álbum da banda “O Terço”, uma das mais importantes do segmento progressivo do Rock nacional.

O lançamento representa um importante acontecimento em torno da história de nosso Rock, posto que o disco, lançado há 40 anos, ganha pela primeira vez uma reedição em CD, e agora em versão remasterizada e em estéreo, já que a edição original, lançada em vinil pela gravadora Forma, trazia o som do trio então formado por Sérgio Hinds, Vinicius Cantuária e Jorge Amiden, prensado em mono.

Lançado no longínquo ano de 1970, é curioso perceber que o debut da banda está muito mais voltado ao Rock Psicodélico e à ecos do tropicalismo do que para o Progressivo, linhagem que tornou a banda nacionalmente conhecida.

Nota-se já em “Nã”, primeira faixa do álbum, uma azeitada e inusitada mistura de música clássica, com Rock sessentista e música brasileira, o que procede em um resultado surpreendente e de alto nível. O flerte com instrumentos que remetem ao clássico, mundialmente popularizado com a banda “Electric Light Orchestra”, tem um importante destaque no disco, aparecendo em outros momentos como em “Saturday Dream”.

Em “Velhas Histórias”, canção composta por Guttemberg Guarabyra e Renato Corrêa, uma das duas músicas não-autorais do repertório, está entre as melhores canções do álbum e revela que, por mais que a banda estivesse antenada no que estava rolando no cenário internacional do Rock, eles não abriam mão do forte apego aos sons tipicamente nacionais e, aqui, nesta canção, precedem o que viria a ser chamado de Rock Rural.

Algo parecido acontece na canção “I Need You”, um Rock lisérgico que traz versos em português e inglês ditados por cima de uma estridente guitarra. A canção novamente mostra o flerte com o produto nacional que estava rolando na época.

As influências vêm de todas as partes e recheiam o disco que acaba caminhando por vários cenários musicais, conseguindo ainda assim manter a sua unicidade. Essas influências passeiam por bandas como “Mutantes” e “Pink Floyd”, caso da canção “Plaxe Voador”, e consegue ainda recriar climas que remetem aos primórdios do Rock como em “Yes I Do”, uma das duas canções na língua Bretã presentes no álbum.

O disco fecha com uma curiosa adaptação “Oh! Suzana”, típica canção oriunda da época da corrida do ouro da Califórnia, que aqui ganha efeitos especiais de cavalos e cavalgadas que permanecem audíveis ao longo da canção.

O lançamento em cd do álbum “O Têrço” torna acessível para todos um pouco da história de nosso Rock e, sobretudo, de nossa música.

Resenha Publicada em 09/12/2010





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