Por Fabio Cavalcanti
Com apenas cinco álbuns na bagagem, a banda noventista Garbage parecia estar prestes a ser jogada no lixo (com o perdão do trocadilho), quando a adorável vocalista Shirley Manson anunciou os trabalhos do grupo em um novo registro. Enquanto aguardamos a nova "bolacha", comento aqui sobre seu trabalho mais marcante: o 'debut' "Garbage", lançado em 1995.
Em meio a um cenário que destacava bandas de grunge e rock alternativo, além dos precursores do recém-nascido rock industrial, eis que o quarteto em questão conseguiu "inovar" com uma mistura de tais estilos, investindo pesado no uso de uma produção bastante voltada à música eletrônica, mas sem perder a essência roqueira.
O álbum começa com a divertida "Supervixen", uma ode ao poder feminino. Na arrastada "Queer", notamos o lado mais mórbido do grupo, guiado pela voz soturna de Shirley Manson e pelas elegantes guitarras de Steve Marker e Duke Erikson, que trazem belos efeitos até nos seus momentos mais "sujos". A maravilhosa "Only Happy When It Rains" volta a investir em uma batida pulsante, mas mantém o honestíssimo clima "deprê" da banda, especialmente em sua letra.
Falando em faixas mais dançantes, destaque para as quase pops "Vow" e "Fix Me Now", além da frenética e estranha - no bom sentido - "As Heaven Is Wide". "Not My Idea" não chama tanta atenção pela letra, mas prende a atenção pelo seu brilhante amálgama de rock industrial. "Dog New Tricks" é mais direta e possui uma temática bem interessante. Por outro lado, a ácida "Stupid Girl" pode gerar certo tédio após a primeira audição.
Entre as faixas mais lentas, "A Stroke of Luck" e "Milk" atingem um nível quase anestésico, graças a um estilo sorumbático e viajante, levemente puxado para o 'trip hop'. Já "My Lover's Box" não possui arranjos e melodias atraentes, mas exemplifica a forma peculiar de o grupo abordar um tema mais romântico.
Infelizmente, o Garbage não conseguiu manter o sucesso comercial que merecia, mas é inegável o talento do grupo para fazer um rock que consegue ser modernoso e autêntico ao mesmo tempo. Se, no que diz respeito a uma música mais produzida e eletrônica, você prefere algo mais alegre e alienante, sugiro que passe longe da banda em questão.