Por Anderson Nascimento
O processo de gestação do novo disco da banda Americana “The Rapture” foi desde o início cercado por problemas diversos. A começar pela saída do vocalista Luke Jenner, logo após a turnê do disco “Pieces of the People We Love”, motivada pelo pesar da perda de sua mãe, que cometeu suicídio. Brigas internas também rolaram entre Luke e o baixista Mattie Safer acerca do rumo musical que a banda tomaria.
Mesmo em frangalhos e com a perda de dois integrantes – Mattie também pulou fora – os remanescentes decidiram iniciar a composição do novo álbum, que logo voltou a contar com o vocalista que desistiu de seu álbum solo e pediu para voltar, o que acelerou e oxigenou as ideias para o novo disco.
O terceiro álbum dos americanos do The Rapture mantém o ritmo dançante característico da banda, só que o elemento Rock que a banda sempre utilizou na mistura com música eletrônica, aparece de forma mais modesta neste álbum, assemelhando o seu som mais com o de bandas como Daft Punk, banda que, inclusive, teve seus shows abertos pelo The Rapture durante a turnê americana dos franceses em 2007.
O disco inicia em tons megalomaníacos com a maravilhosa “Sail Away”, na linha Dream Pop, que chega a lembrar a banda americana Remy Zero, e ganha forma em canções que seguem a linha antiga da banda. Momentos como “Come Back To Me”, “Never Gonna Die Again” e “How Deep is Your Love” são totalmente voltados para a pista e elevam a qualidade do disco. Ainda assim, o álbum abre espaço para a psicodelia em canções como “Roller Coaster”, algo de Beach Boys marca o andamento da faixa, e “Children”, que também flerta com o Rock mais comportado.
Com temáticas por vezes pesadas, que parecem retratar a perda da mãe do vocalista, casos de “Miss You”, “Blue Bird” e “Children”, a banda parece invocar alguma temática religiosa em canções como a faixa título, ou ainda, mais explicitamente na bela “Can You Find a Way”, fato confirmado pela própria banda em entrevistas recentes.
Com o lançamento deste novo disco, o Raptures mostra que, apesar de não ter mais o pique demonstrado no álbum “Echoes” (2003), a banda ainda tem talento capaz de misturar melodias bem construídas e talento nato para envolventes novos temas voltados para pista de dança.