Resenha do Cd The Man Who Never Was / This Winter Machine

THE MAN WHO NEVER WAS title=

THE MAN WHO NEVER WAS
THIS WINTER MACHINE
2017

PROGRESSIVE GEARS
Por Tiago Meneses

The Winter Machine é uma banda que ainda está dando os seus primeiros passos. Formada por cinco músicos, cada um com influências diferentes, se reuniram em uma sala onde conseguiram se encontrarem também em muitas coisas em comum. Apesar de já terem divido palcos com uma infinidade de bandas e artistas que vão desde Uriah Heep até Marillion e de Tim 'Ripper' Owens à Uli Jon Roth, essa foi a primeira vez que que ao menos a maioria deles tiveram a ideia de formar de fato uma banda de rock progressivo.

A gama de influência encontrada em seu disco de estreia também é bastante grande, Marillion (ambas as eras), Porcupine Tree, passando por Rush, Opeth, Genesis, injeções de rock clássico e música clássica, mas acima de tudo, buscando obter sempre o seu próprio som.

O disco tem início com, “The Man Who Never Was”, faixa título, não me lembro do último álbum de estreia que tivesse uma abertura tão grandiosa quanto essa, seja de rock progressivo ou não. Um glorioso convite para mergulhar sob a superfície sinfônica ondulante da canção que brilha e dança na alegre luz solar melódica, experimentando toda a força sedutora das músicas que o hipnotizam, provocando sensações que nos estão fora do alcance comum. A faixa é brilhante, vívida, com um forte sentido de urgência e imediatismo. As letras condenam a situação de alguém que está perdido, incapaz de se conectar a uma imagem em uma fotografia antiga, convencido de que não é quem o que as pessoas acreditam que ele seja. É uma declaração fascinante e desafiadora de intenção que brilhantemente define o tom para o resto do álbum.

“The Wheel” é outro grande momento do disco, um lamento doloroso para todas as coisas que poderiam ter acontecido, as chances e oportunidades que ou passaram por nós ou foram deliberadamente ignorados e repetidamente retornam como cantados no refrão de maneira amarga, "tarde demais". Melódica, sentimental até um redirecionamento que a deixa mais enérgica e que permanece ate o seu fim.

The Man Who Never Was carrega uma intensidade lírica e o espírito penetrante de incerteza, por vezes, formam um forte contraste com o trabalho instrumental que é delicado, alegre e elegante. A obscuridade do mundo é atravessada com esperança melódica, o desejo de acreditar, a necessidade de coragem. Em outras ocasiões, as letras e a música misturam-se e fundem-se como uma só, a música conduzindo sentimentos penetrantes, emoções perturbadas e pensamentos desamparados. Camadas sonoras cuidadosamente elaborada se entrelaçam com letras inquietantes e perspicazes para formar uma paisagem complexa criada a partir de sugestões de ideias, trechos de puro vislumbre de humor musical, flashes emotivos, elogiando ou jogando uns contra os outros para formar uma narrativa vigorosa e muito bem dirigida.

Uma conquista notável em se tratando de um álbum de estreia. Criatividade, cuidado e inventividade incorporada na música de maneira que a faz fluir com elegância natural, sofisticação e sutileza lírica, dando ao ouvinte uma grande liberdade imaginativa. Que essa estreia não seja apenas uma tacada de sorte ou que a banda não se torne uma promessa não cumprida, mas que através desse impressionante primeiro capítulo, escrevam um belo livro recheado de discos tão grandiosos quanto esse.

Resenha Publicada em 14/03/2017





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