Por Anderson Nascimento
O Coldplay foi um fenômeno musical no início de sua carreira, principalmente no período de 2000 à 2002 que flagrou o lançamento de seus 2 primeiros álbuns, sucessos absolutos de público e crítica.
Depois disso a banda entrou em uma vibe que seguia na contramão do som que consagrou o grupo, chegando ao fraquíssimo “Ghost Stories” (2014). Esse mergulho em novas sonoridades e reengenharia do próprio modus-operandi no entanto não foi exclusividade dos britânicos do Coldplay, mas é um fato que pode ser encontrado na trajetória da maioria dos grupos com alguma longevidade. Os Beatles, os Stones o Who, e mais recentemente, bandas como U2, Radiohead e The Killers, passaram por isso.
O fato é que alguns grupos conseguem encontrar um novo caminho musical, ou acabam voltando a fazer o som que os consagrou. Outras bandas jamais conseguem sair do atoleiro ao qual se meteram, caso, por exemplo, do Radiohead, banda que embora continue incensada pelos fãs, nunca mais foi a mesma.
O Coldplay está no meio termo disso tudo, embora não seja nem de longe a banda que foi no início de carreira, sobreviveu aos álbuns mais escusos de sua discografia, se alternando entre álbuns bons e regulares.
Em seu novo álbum, gravado ao vivo em Buenos Aires, no dia 15 de novembro de 2017, no encerramento da turnê “A Head Full of Dreams Tour”, iniciada no mesmo estádio “Estadio Ciudad de La Plata”, em 31 de março de 2016, estão canções de todos os períodos do grupo, cantadas com êxito e aproveitadas com orgulho pelos quase 100 mil fãs presentes.
É difícil não se deixar levar com a sequência incrível que inicia o disco, da abertura com “A Head Full of Deams”, do álbum de mesmo nome, lançado em 2015, até a sexta canção, “Paradise”, sucesso do disco “Mylo Xyloto” (2011).
Tentando comunicação em espanhol em todo o show, Chris Martin, ainda rende homenagens aos hermanos com canções como “De Musica Ligeira”, clássico da banda Soda Stereo, regravada aqui no Brasil por Paralamas do Sucesso e Capital Inicial. Outra homenagem é a canção “Amor Argentina”, canção nova, em ritmo de Tango, feita especialmente para agradecer a recepção dos argentinos para com a banda.
Trazendo quase duas horas de música, o disco obviamente não deixa de fora a fase menos interessante da banda com canções como “Aways in My Head” e “Magic”, ambas de “Ghost Stories”, e “Everyglow”, do disco que deu origem à turnê. O disco dá uma queda nesse momento, até voltar com tudo no megahit “Clocks”.
Entre as canções mais recentes “Hymn For The Weekend” foi muito bem recebida pelo público, assim como o baterista Will Champion, ovacionado pelo público por fazer a voz principal do clássico “In My Place”.
Sobre o formato físico, além do CD duplo, ao qual esta resenha aborda, o disco também saiu em LP, e em um combo CD + DVD, trazendo o show de São Paulo, filmado no dia 8 de novembro de 2017.
Lançado em dezembro de 2018, este quinto disco ao vivo do grupo testemunha uma banda madura, com as obvias marcas da longevidade que os altos e baixos de toda uma carreira acabam imprimindo em seu legado.