Por Anderson Nascimento
Ao contrário da década anterior, os anos 2000 foram bastante produtivos para Alice Cooper. Enquanto ao longo dos anos 90 Cooper lançou apenas dois álbuns de estúdio, a década seguinte viu serem lançados cinco álbuns, a maioria com boa recepção da crítica e fãs.
Um desses álbuns é “Brutal Planet”, 21º disco de estúdio do artista, lançado em julho de 2000 após um hiato de seis anos sem lançar um álbum de inéditas, que é notoriamente reconhecido por ser um dos catalisadores da grande atividade de Alice durante a década.
O momento no início do milênio era o do Rock pesado e sua bem sucedida fusão de estilos, algo que ganhou força nas rádios em detrimento da queda de popularidade do New Brit Pop, dessa forma o cenário tornou-se ideal para que bandas como System of a Down, Linkin Park, Korn e Limp Bizkit ocupassem as rádios e televisão.
Vindo de uma longa batalha com as gravadoras para que o box “The Life And Crimes of Alice Cooper” (1999) fosse editada, Alice saca então de sua cartola um álbum focado no Rock industrial, mas com sabores que remetem à sua mais gloriosa fase, os anos 70. Não é apenas coincidência que Bob Ezrin, um dos artífices desta fase, estivesse de volta a um disco de Alice, agora como produtor executivo.
Como na maior parte de sua carreira, Alice traz para o disco ideias que juntas formam um conceito. Neste caso, como o próprio nome do álbum sugere, o artista traz temas envoltos de desconfiança no mundo do terceiro milênio, com visões sobre a brutalidade e consequente sociedade pós-apocalíptica.
O disco se consolidou com uma bem sucedida turnê, que trazia de volta o melhor dos efeitos especiais e da teatralidade que sempre acompanhou Cooper. Assim, canções do novo disco como a faixa título “Brutal Planet”, “Pick Up the Bones” e “Gimme” se acomodaram no repertório das apresentações como se fossem velhos clássicos.
O disco apresenta uma atmosfera pesada – a mais pesada de toda a extensa carreira discográfica do artista, desde a capa, letras, até as canções. A já citada “Brutal Planet”, por exemplo, é canção para se ouvir de punhos fechado e socando o ar. Enquanto “Cold Machine”, traz a urgência e a modernidade assumidamente inspirada no som de Marylin Manson, outro que gozava do momento favorável para o Rock pesado.
Mesmo com toda a força do Rock presente no álbum, o velho Alice consegue ser identificado perfeitamente no álbum, trazendo ora Rocks simples como “Sanctuary”, que de tão básico cairia perfeitamente nas mãos dos saudosos Ramones, ora grudento como em “Blow Me A Kiss”. Cooper ainda apresenta no disco uma grande balada, como sempre costuma fazer, “Take It Like a Woman”, que tem a mulher como personagem central, abordando em seu tema a violência doméstica.
Embora não seja um álbum perfeito, “Brutal Planet” foi o pontapé inicial para que Alice Cooper reestartasse a sua carreira. O disco ganharia logo uma sequência lógica com “Dragontown” (2001), que formaria uma trilogia com um próximo álbum, porém a ideia foi abortada por Alice, que preferiu voltar ao básico, dois anos depois com “The Eyes of Alice Cooper” (2003).
Depois do lançamento do disco e, ao longo da década, Alice ganhou diversos prêmios pela sua obra dedicada ao Rock, esteve em várias turnês, estabeleceu parcerias musicais, estreou um programa de rádio, e viu a sua popularidade crescer, algo que desde os anos setenta não acontecia. “Brutal Planet” foi, sem dúvida, um grande recomeço.