Por Anderson Nascimento
Alice Cooper é daqueles artistas que corre do ócio. Lançando discos de inéditas com frequência, o ídolo do Rock/Terror possui hoje um repertório a ser invejado, algo que os seus quase quarenta(!) anos de carreira lhe proporciona.
Dessa vez, “Dirty Diamonds”, dá um belo salto de qualidade com relação ao disco anterior. Não que “The Eyes of Alice Cooper” não tenha seus bons atributos, mas no caso de “Dirty Diamonds”, as várias facetas de Alice estão expostas.
Talvez pelo fato de Alice possuir tantos anos de carreira, o mesmo sempre esteve longe da mesmice, o que fez o roqueiro acertar e errar muitas vezes. Para quem conhece a fundo a história de Alice, certamente vai lembrar da fase “desmiolada” do fim dos anos setenta, ou mesmo da fase trash da segunda metade dos anos oitenta.
Neste disco, Alice, acompanhado de uma excelente banda, traz várias de suas metamorfoses para o álbum. Letras realmente interessantes, Rock´n´Roll divertido e vocal perfeito! Outro fato curioso é a presença constante de mulheres nas letras da maioria das faixas, o que quase torna “Dirty Diamonds” um disco temático.
Alguma coisa lembra a fase clássica, como a faixa de abertura “Woman of Mass Distraction” ou como as Stonnianas “You Make Me Wanna” e “Sunset Babies” (olha as mulheres aí de novo). A interessante faixa título, que também dá nome à nova turnê, e que teve o seu clímax na aclamada apresentação no festival de Montreaux, é uma complexa obra roqueira com jeitão de filme de James Bond.
Interessantíssimo também é a presença de um Rock tipicamente inglês, “Perfect”, segunda música do álbum, como eu nunca tinha visto antes nos discos de Alice, é certamente uma música que poderia estar em qualquer disco do Brit Pop dos anos noventa.
Ainda sobre essa agradável variedade do álbum, Alice traz um folk-Rock que conta uma historinha em “The Saga of Jesse Jane”.
Talvez o ápice deste disco, seja a canção “Steal That Car”, com refrães grudentos, a música empolga, dá vontade de levantar e dançar sem parar. A música entra certamente no hall das maiores criações de Cooper.
Ainda que não tenha nenhuma balada, no estilo Cooper (“I Never Cry”, “How You Gonna See Me Now” e “Only Women Bleed”), o disco dá espaço para “Pretty Ballerina”, balada doce, mas sem aquele apelo avassalador.
Dessa vez você não vai encontrar nada de Rocks industriais, homogeneidade ou modismos, mas sim um disco autêntico e relevante. Certamente um álbum que merece ser ouvido com atenção, pois já figura entre os principais discos da brilhante carreira de Alice Cooper.