Por Anderson Nascimento
De vez em quando alguma mente sã envolvida com o mercado de discos resolve investir em projetos de cunho revisionista que vão além das meras coletâneas. O recém-lançado “Você Vai Estar na Minha”, compilação de duetos da cantora Negra Li, faz parte desse conjunto de estratégias que se faz realmente relevante no mercado atual de discos.
As coletâneas que não trazem nenhuma novidade para o comprador de discos, leia-se faixas inéditas, versões diferente de singles, entre outros atrativos, já não se justificam mais como antigamente, mas projetos como este são importantes para os fãs do artista, e também para aqueles consumidores de música interessados em conhecer a obra do artista fora de seus discos regulares.
“Você Vai Estar na Minha” apresenta treze faixas gravadas de forma avulsa pela cantora Negra Li em parceria com artistas de diversos estilos, incluindo Rock, Pop, Rap, Pagode e, obviamente, Black Music, o que de fato revela o dinamismo artístico da cantora.
Algumas das faixas presentes nessa compilação revelam o flerte da cantora com o grande público como, por exemplo, nas gravações de “Não é Sério”, com o finado Charlie Brown Jr. e “Ainda Gosto Dela”, com o Skank, músicas que sem dúvida ajudaram a popularizar o nome da cantora.
Entre outras faixas, destacam-se no disco a Pop “Beautiful (Como um Sonho)”, gravada com Akon, e obviamente as incursões da cantora pelo RAP, representadas por duetos com o rapper Helião na ótima “Guerreiro, Guerreira” e Gabriel o Pensador em “Deixa Rolar”. A Black Music figura no disco com o mega hit “1 Minuto” com o cantor D’Black, enquanto a cantora ainda aparece em relevantes parcerias com Nando Reis, Caetano Veloso e Sérgio Brito.
Outro atrativo desse disco é “Chain of Fools”, gravação inédita de Negra Li e Pitty para a clássica canção de Aretha Franklin. A gravação fez parte do projeto Estúdio Coca Cola, de 2007, que promovia o encontro de dois cantores ou bandas de ritmos distintos, misturando canções da carreira dos artistas e cantadas por ambos.
Dentre as quatorze faixas do disco, a única música que não se encaixa no formato é o sucesso que dá nome a esse lançamento - talvez isso justifique a sua entrada no álbum - “Você Vai Estar na Minha”, faixa originalmente gravada (e composta) pela diva Marisa Monte.
Bacana também o fato de todas as letras das canções presentes no álbum estarem reproduzidas no álbum. Por outro lado, o encarte deveria constar também dados referentes às origens dos fonogramas, ou seja, em qual disco cada faixa apareceu originalmente, o que exigiria só mais um pouquinho de labuta, já que o release distribuído para a imprensa traz todas essas informações.
Iniciativas como a de lançar compilações assim agradam não só aos fãs do artista que tem as suas faixas avulsas resgatadas e condensadas em um só disco, mas também aos colecionadores e pesquisadores musicais de uma forma geral. Que venham mais trabalhos dessa natureza!