Por Anderson Nascimento
Pouco antes de lançar o famoso disco “Tribalistas”, junto com os parceiros Marisa Monte e Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes colocava no mercado um disco que daria início à uma relevante mudança em sua carreira. “Paradeiro” é o primeiro disco solo de Arnaldo a flertar com o popular.
Com uma sonoridade que seria encontrada em discos como “Tribalistas” e “Saiba”, o álbum em questão traz músicas com um grande poder radiofônico, mostrando um Arnaldo bastante a vontade ao cantar as suas músicas. Uma prova disso são os registros das apresentações do álbum, onde as canções oriundas do mesmo transmitem a impressão de que as músicas já são velhas conhecidas do público. Chega a ser impressionante a forma como as pessoas cantam as músicas desse disco do início ao fim, e com grande empolgação.
O trio “Tribalista” está presente na faixa título do disco, deixando para a posteridade a agradabilíssima música, com direito à vocal da Marisa Monte e tudo. Já a parceria com Carlinhos Brown é muito mais presente no disco, nas composições, nos vocais, além de participar também como músico e como um dos produtores do álbum.
Toda essa sonoridade agradável chega a ser interessante de ser ouvida, por exemplo, antes desse álbum ficaria difícil imaginar o Arnaldo cantar e gravar uma música parecida como a gostosa “Debaixo D´água”. O que dizer então da grave regravação de “Exagerado” de Cazuza, só com voz e violão?
Para traçar um paralelo com a carreira de Arnaldo, podemos dizer que a faixa que abre o disco “Atenção”, tem o estilo do Arnaldo de início de carreira, assim como “Escuríssimo”, que chega a abusar do experimentalismo, lembrando até um certo ponto a própria carreira do seu parceiro Carlinhos Brown.
Paradeiro é um disco de música doce, mas com um certo peso intrínseco, Arnaldo está berrando cada vez menos e abusando de seu grave cada vez mais, um fato que continua a marcar os seus discos e a sua carreira até os dias de hoje.