Por Anderson Nascimento
Com a turnê de divulgação de seu “Acústico MTV” a pleno vapor, Arnaldo Antunes ainda não tinha ideia de lançar o sucessor do (ótimo) “Iê Iê Iê” (2009), mas ao longo desse hiato, surgiram uma série de canções que juntas poderiam encher um álbum.
Querendo ver essas músicas tomando forma, Arnaldo começou a gravá-las, e foi liberando uma faixa por mês, entre junho e setembro de 2013, através de seu site oficial. O público foi então conhecendo o disco aos poucos e, finalmente, em outubro, “Disco” foi lançado.
O resultado é um disco essencialmente de singles, contendo canções tão dispares como o Soul “Trato” - que traz Hyldon no violão e na voz e além da cantora Céu -, e a nortista “Ela é Tarja Preta”, passando pelo Rock em “Vá Trabalhar” - faixa nunca gravada da fase com os Titãs –, até o “mantra afro-brasileiro” de “Oxalá Chegar”.
Na verdade, o maior conceito deste álbum é justamente não ter conceito. É ser livre de amarras, é o de poder compartilhar parcerias com gente do naipe de João Donato (“O Fogo”), Caetano Veloso (“Morro Amor”), Marisa Monte e Dadi (em diversas canções), Nando Reis (“Sentido”), ou ainda fazer versão de Gilberto Gil (“Mamma”), tudo bem à vontade.
O Disco do Arnaldo mostra o quanto o artista se mostra perito em construir melodias pops e deliciosas como a balada tribalista “Dizem (Quem Me Dera)”, de letra reflexiva, assim como outros momentos, como a ótima “Ah, Mas Assim Vai Ser Difícil”, e a originalíssima “Muito Muito Pouco”, que agrega Edgard Scandurra na guitarra.
Por mais que “Disco”, não siga um conceito como o álbum de estúdio anterior (e vários outros de sua carreira), o álbum é um belo retrato do artista, que pode passear sobre diversas texturas musicais, sempre de forma talentosa e diferenciada.