Por Anderson Nascimento
Embebido em uma espessa camada de Rock, resultante de variações entre o Punk e o Rock Alternativo, a banda Goianense “Trivoltz” abre de forma absurdamente brilhante o seu disco de estréia.
A faixa de abertura “Sol#1”, que inclusive foi selecionada para a coletânea “Galeria Musical 2010”, que compila os melhores trabalhos independentes recebidos pelo site ao longo do ano, é uma abrupta demonstração de talento que te faz pular com os pulsos fechados.
Esse poder que o trio tem de enfeitiçar o ouvinte funciona também na única canção em inglês do álbum, “Ok”, de forma que mantém a faixa univitelinamente ligada ao disco como um todo.
“Teletransporte”, outra música que chama bastante a atenção do ouvinte, traz uma complexa profusão de instrumentos que preenchem uma explícita influência do concretismo presente na canção.
O cuidado com as letras é outro atributo elogiável da banda. Na faixa “Consumo”, por exemplo, os caras do “Trivoltz” dão uma boa idéia da crítica honesta e direta da banda. A música, inclusive foi destaque na coluna “Ouça Também” da revista Rolling Stone.
Nessa linha, “Contato” é outro momento especial do disco, um Rock agitado e com uma áurea que lembra o início dos anos 90, mas ainda sim moderna e urgente.
As canções fortemente calcadas no baixo pulsante, na bateria seca, e na guitarra aguda de Ricardo Aug, Jason Elias e Cheung Fábio, dão uma demonstração do poderio do Rock puro, sem amarras e sem contaminação, o que encanta o ouvinte já na primeira vez em que ele roda o disco.
Falando em rodar o disco, a banda conseguiu parir um sensacional vinil prensado na República Tcheca, na “GZ Vinil”, uma das maiores fábricas de vinil do mundo, trazendo uma bela capa, feita através de fotos de Cláudio Cologni, encarte e a versão do álbum em CD, tudo isso pela bagatela de Trinta Reais.
O disco, que está sendo distribuído pela “Monstro Discos”, já caminha para a segunda leva de prensagem, e prova por “a + b” que dá para se lançar bolachões a preços justos e, principalmente, com alta qualidade sonora.
Todo esse trabalho é o resultado de um sonho antigo dos integrantes da banda, e claro que deu trabalho. O disco foi masterizado por Dan Coutant (Misfitis) em seu estúdio em Nova Iorque, o resultado não poderia ser melhor.
O ouvinte de primeira viagem tem o grande “risco” de se encantar pela banda, principalmente àqueles que a ouvirem em vinil pela primeira vez, após a inundação de graves e timbres tão favorecidos pelo som gerado através físico produzido através do contato da agulha com a superfície do LP.
É gratificante se deparar com um grupo tão talentoso e empenhado em divulgar o seu som pelo país, fazendo o que gosta e da forma que gosta. Vida longa ao Trivoltz!