Por Anderson Nascimento
Por mais incrível que isso pode parecer, “Ritchie 60”, nono álbum solo do cantor que aprendemos a gostar a partir do icônico álbum “Vôo de Coração” (1983), é o primeiro álbum totalmente em língua inglesa do mais brasileiro de todos os artistas ingleses.
O cantor de hits como “Menina Veneno”, “Pelo Interfone”, “A Vida Tem Dessas Coisas”, “Transas”, “Casanova”, entre outros, escolheu quinze, entre mais de cem canções com alguma representatividade em seu passado, criando suas versões das canções com belos arranjos que incluem orquestra, gravação com instrumentos analógicos e masterização nos célebres estúdios Abbey Road.
O álbum é um autotributo do Ritchie ao seu aniversário de sessenta anos e, por tabela, aos anos sessenta, trazendo canções que o influenciaram ao longo de sua adolescência, e que o motivaram a seguir carreira artística. Porém, o grande barato desse álbum é fugir do repertório óbvio e uniforme e que estamos acostumados a ouvir, quando o assunto é a década que revelou artistas como Beatles, Stones, Kinks e Beach Boys, todos eles de fora do disco.
A faixa que abre o disco, “Summer In The City”, originalmente da banda The Lovin’ Spoonful, manteve a tensão de sua versão original, e revela uma especial desenvoltura vocal do cantor, algo que se repete em todo o disco, além de grande performance da banda, destacando-se, logo de início, entre todas as canções de todo o disco.
Bacana também ficou “Don´t Let The Sun Catch You Crying”, originalmente da banda Gerry And The Pacemakes, uma das canções preferidas de gente como Paul McCartney. Mesmo caso de “All I Have To Do is Dream”, canção do duo Everly Brothers, que segue a mesma linha da gravação original, mas que aqui ganha a suavidade da voz de Ritchie.
Algumas outras canções menos badaladas, pelo menos por estas terras, casos de “The Sun Ain´t Gonna Shine Anymore” (Frankie Valli) e “Green Tambourine” (The Lemon Pipers) acabam se destacando e ganhado a simpatia imediata de quem a ouve pela primeira vez.
“Richie 60” é um daqueles discos para se ouvir e reouvir várias vezes, recheado de detalhes, o álbum enriquece a discografia do cantor, além de presentear os seus fãs, mesmo sendo ele o dono da festa.