Por Anderson Nascimento
O canadense Neil Young já se acostumou aos discos conceituais, tanto que a cada novo lançamento uma bandeira é carregada. Nesse disco, para não fugir a rotina, Neil carrega a bandeira da causa automobilística, uma grande paixão sua, mas sem recolher obviamente a bandeira americana. Porém se em “Living With War” o discurso anti-guerra e anti-Bush era o que se podia fazer de mais pesado em críticas ao governo, em “Fork in The Road” a coisa está mais branda.
Neste disco, temáticas como meio-ambiente, energia e, novamente, os EUA são levadas a bordo de seu projeto de carro híbrido, onde o velho Neil Young quer mostrar que energias alternativas podem trazer soluções à dependência do petróleo.
Bom, histórias a parte, Neil entrega-nos um disco intenso. “Fork in The Road” é um álbum onde o Rock é o que realmente interessa. A obra parece ter sido parida nos anos onde poucos instrumentos eram o suficiente para fazer uma música de qualidade.
Neil Young e banda descem a mão logo no começo do disco com “When Worlds Colides”, com um insistente riff de guitarra acompanhado com uma bateria seca até não poder mais. A sequência com “Fuel Line” também não deixa a peteca cair e dá espaço para “Just Singing a Song”, música que possui uma melodia atraente e letra adocicada e é com certeza a melhor música do disco, e junto com as baladas “Off The Road” e “Light a Candle” acabam contrabalanceando com os Rocks espalhados por todo o disco.
Mas o disco é calcado mesmo no Rock. Em “Johnny Magic”, música escrita em homenagem ao mecânico que está dando vida ao projeto do seu carro, sentimos como se estivéssemos ouvindo alguma coisa antiga dos Rolling Stones. Em “Get Behind The Wheel” temos outro Rock empolgante com uma levada bluseira bem interessante.
Em “Cough Up The Bucks” Neil parece ter batido um papo com Paul McCartney sobre experimentos, e o resultado final é no mínimo curioso.
Com cara de “Jam-session” e arranjos que dão um aspecto de inacabado ao disco, “Fork Road” é um disco curto e direto, um belo disco em uma discografia cheia de altos e baixos, que já conta com mais de oitenta álbuns.