Por Anderson Nascimento
Já faz um tempo que não tenho me empolgado tanto com o Coldplay. Um dos meus grupos favoritos nos anos 2000, a banda passou a oscilar a partir do terceiro álbum “X & Y” (2005), lançando álbuns medianos e fracos.
Mesmo que os dois álbuns anteriores a este novo lançamento sejam acima da média, o romance inveterado do Coldplay com o Pop parece ter contaminado o grupo no sentido de repetirem a mesma batida em seus discos, tornando algumas de suas canções um tanto genéricas.
Como disse, demorei bem mais que o normal para ouvir este novo trabalho, lançado em outubro de 2021. Capa esquisita, interlúdios trazendo símbolos ao invés de nome, participações especiais de artistas pop-adolescente ... é, realmente nada foi convidativo para despertar a minha vontade de ouvir o álbum.
Mas eis que meu “sentido de aranha” falhou, o disco consegue agradar, de uma maneira geral, já na primeira audição, sequenciando o bom single “Higher Power”, “Humankind”, boa faixa, mas que tem riffs bem manjados, e a popzona “Let Somebody Go”, com a participação da cantora Selena Gomez, mas que funciona bem dentro do contexto do álbum.
Claro que o disco traz algumas bobagens, como sempre encontramos nos discos do grupo, aqui a faixa “Human Heart”, simplesmente estilizada como “”, realmente não funciona, mesmo que traga uma boa mensagem. Isso ocorre também em músicas como “Biutyful” e “Infinity Sign”, estilizada com um , chato isso, né?
“People of Pride” é a faixa com maior peso do disco, vai lembrar o Rock feito no início dos anos 2000, não pelo Coldplay, que fique claro. Embora isso não queira dizer nada, a canção dá aquela lufada de paudurecência que falta no disco, será que a banda não podia nos oferecer mais momentos como esse?
“My Universe” foi o segundo single do álbum, e é um dos maiores êxitos atuais da banda nas plataformas de streaming. Ela tem a participação pela boyband Sul-Coreana BTS e, de fato, faz jus ao sucesso, pois tem uma batida dançante e eletrizante, certamente deve funcionar bem nas pistas de dança.
O disco fecha com “Coloratura”, balada com mais de 10 minutos que versa sobre o ser humano, sua finitude e sua capacidade de explorar o desconhecido. O mais impressionante é que os 10 minutos da canção passam rápido, este é um dos momentos mais belos deste novo álbum.
Embora esteja longe de seus melhores momentos, o conceitual “Music of The Spheres” não faz feio, finalizando com um saldo positivo, e mesmo que as minhas críticas ao Coldplay permaneçam como as suas bases sólidas, vale dar uma ouvida no álbum e tirar as suas próprias conclusões.