Por Anderson Nascimento
Com uma batida eletrônica, o Coldplay abre o novo disco tendo um grande desafio: superar os dois primeiros discos de inéditas da banda. Logo no início da obra, curiosamente dividida em “lado X” e “lado Y”, conseguimos perceber alguma mudança no som, a banda aposta todas as fichas em sons eletrônicos, que mesmo presentes em todo o álbum, estão dosadas na medida certa, tornando-o bem diferente dos álbuns anteriores onde o piano domina a maioria das faixas.
A mudança veio em boa hora, visto que o efeito Coldplay no som britânico vem tomando dimensões catastróficas. Não que seja ruim, mas é um tédio ver um monte de bandas com um carinha sentado ao piano tocando baladas atrás de baladas.
Difícil classificar esse novo disco, talvez o mais próximo seria posicioná-lo como um Pop moderno e consistente.
“Square One”, a música que abre o disco, é na prova disso, o próprio corinho “ôoo ooô” da música funcionaria muito bem nas pistas de danças. O disco segue alternando entre músicas nesse estilo e músicas de efeito quase ambiente, como é o caso de “What If”, bela melodia, um intenso falsete e uma leve guitarra que chega a lembrar Eric Clapton nos anos 90.
“White Shadows”, que segue a linha Pop-dançante que citei, impressiona pela sua cadência e som “fantasmagórico” na jogada que fazem com a voz do Chris no decorrer da música.
Falando em impressionar, a música “Fix You”, uma das melhores do disco, é uma grande surpresa, começa como uma balada tradicional a lá “Coldplay”, e acaba rebuscando uma sonoridade setentista inédita na carreira da banda. Ainda nessa praia setentista, consegui enxergar algo psicodélico na faixa “X&Y”, outro grande destaque do álbum, que dá nome ao disco, algo bem Pink Floyd mesmo.
No lado “Y” do cd, a qualidade cai drasticamente, porém o primeiro single “Speed of Sound” corrobora sua escolha por ser a melhor música do disco, com um certo peso, a faixa acaba fugindo um pouco do estilo do álbum. Também fugindo desse estilo, encontramos a música “A Message”, no melhor estilo Coldplay-deprê de ser.
No mais apenas músicas sem um algo mais que valha a pena destacar, além de uma faixa bônus que pouco acrescenta. Apesar de um bom disco, a arte ininteligível da obra, deixa um certo ar de um disco também ininteligível que fica bem atrás de seus predecessores.