Por Anderson Nascimento
As batidas que abrem “A Head Full of Dreams”, faixa título do sétimo disco do Coldplay, causam certa estranheza ao remeter a era Disco dos 70s, principalmente em se tratando de uma banda que surgiu na carona do New BritPop, que via surgir os últimos grupos dessa fase. De qualquer forma, percebe-se nesse disco uma atmosfera mais ensolarada, e até feliz.
Para quem acompanhou o Coldplay do “Ghost Stories” (2014), seu trabalho anterior, fica evidente que Chris Martin vive agora um melhor momento em sua vida pessoal, que acaba refletindo claramente em sua vida profissional. A coisa tava tão feia que, não se sabe se tal fato tem a ver com a pouca inspiração do álbum anterior, mas “A Head Full of Dreams” chegou a ser anunciado como último álbum do grupo.
“Birds” mantém o astral lá em cima, agora já com uma batida oitentista de muito bom gosto. A bonita “Hymn For The Weekend” confirma que o Coldplay desta década pouco lembra o Coldplay que encantou o mundo já em seu primeiro disco, o que é um elogio, já que não daria para continuar repetindo a mesma fórmula para todo o sempre, mesmo em se tratando de uma fórmula vencedora.
Dentro desse contexto, “Everglow” é rara exceção quando comparamos o som do Coldplay atual com o do início da década passada, não só por isso a faixa é um destaque do disco, mas por revolver aquela sonoridade que, queria ou não, ainda encanta os velhos fãs do grupo.
“Adventures of a Lifetime” é a melhor faixa do disco, surfando sobre ondas eletrônicas e com atmosfera que incita a vontade de dançar, a canção ganhou um inusitado clipe que apresenta a banda numa espécie de planeta dos macacos, e que levou nada menos que seis meses para ser produzido.
O disco conta também com algumas participações especiais, como a cantora sueca Tove Lo que canta em “Fun” e Beyoncé, que participa de "Hymn for the Weekend" e "Up&Up", a esperançosa faixa que fecha o disco, e que também conta com a participação de Noel Gallagher, tocando guitarra.
Lançado no finalzinho de 2015, “A Head Full of Dreams” é um álbum de renascimento, esperança e, sobretudo, um álbum inspirado – que vos diga a faixa “Amazing Day” -, que vem para apagar a péssima impressão deixada pelo seu antecessor. Palmas para a banda, que soube renascer das cinzas e resgatar o sorriso de seus admiradores.