No período em que Gilberto Gil morou em Londres, por conta do exílio político a partir de 1969, o diretor de cinema Rogério Sganzerla o convidou para compor a trilha sonora do filme “Copacabana Mon Amour”, que estava sendo filmado aqui no Brasil.

Antes mesmo de conseguir um contrato com uma gravadora por lá, Gil cuidou da trilha sonora do filme, entrando em estúdio para compor, tocar e produzir as seis faixas dessa trilha sonora que andava esquecida desde o seu primeiro lançamento, na caixa “Ensaio Geral”, que empacotou os CDs da primeira fase de sua carreira.

As músicas que compõem o álbum são de características minimalistas, tocadas ao violão, do próprio Gil e de Péricles Cavalcanti, além da percussão de Cláudio Karina e a flauta de David Linger. A flauta, aliás, empresta às canções um pouco da sonoridade que vinha sendo praticada lá fora por bandas do naipe do Jethro Tull.

Gil, com o vocal sempre nervoso, interpreta boa parte das canções desta trilha sonora, ora em Português, ora em Inglês, com gritos e onomatopéicos sons que preenchem de forma competente as longas canções do álbum. Falando em tempo, vale a pena ressaltar que, mesmo com apenas seis canções, o disco tem generosos 48 minutos.

O álbum varia entre momentos de puro caos criativo como nos 14 minutos de “Yeh Yeh Yah Yah!”, e melódicos como na canção “Blind Faith”, mas é em “Tomorrow Vai Ser Bacana”que o artista vai mais fundo no que ele viria a fazer no próximo álbum.

Graças ao trabalho sempre atento do pesquisador Marcelo Fróes, o álbum ressurge remasterizado, através do selo Discobertas, com novo trabalho gráfico, mais bonito e com informações técnicas não presentes em sua primeira edição. Um verdadeiro tesouro para quem quer entender o prelúdio do grande álbum homônimo, lançado por Gil em 1971.