Por Anderson Nascimento
Muito antes de integrar, junto com Chico Buarque e Caetano Veloso, a chamada “Santíssima Trindade da Música Popular Brasileira, Gilberto Gil fez uma série de gravações em compactos pelas gravadoras JSDiscos, RCA, Phillips, além de um registro feito em voz e violão no estúdio da editora Alecrim, para mostrar suas composições.
Pela gravadora JS, são dois compactos em 78rpm e um EP chamado de “Gilberto Gil: Sua Voz e Sua Interpretação”, de onde foi reproduzida a capa desse novo CD; do pouco tempo de RCA vem o compacto que trouxe originalmente o clássico “Procissão” e a sua participação no LP “4º Festival da Balança”; da época da Phillips, o compacto que trazia “Ensaio Geral” e “Minha Senhora”, além da participação no raro EP de 1972 para a revista “o Bondinho”.
No CD dois, temos as singelas gravações realizadas por Gil em uma inédita fita gravada por ele, para a editora e gravadora Alecrim, para que o mesmo pudesse apresentar as suas composições para potenciais contratantes, nos idos de 1966.
Agora, graças ao resgate histórico do pesquisador Marcelo Fróes, todas as canções da pré-história de Gilberto Gil podem ser encontradas em um único álbum duplo, através do selo Discobertas.
Esse projeto, fruto de um louvável esforço do diretor do selo Discobertas, dá luz a uma série de canções até então inéditas no repertório discográfico de Gil, “A Última Coisa Bonita”, “Retirante” e “Me Diga, Moço”, todas, claro, do segundo CD, que mostra um tímido Gil anunciando e cantando suas canções.
Completando a obra, compõe ainda um generoso encarte com dezesseis páginas que, cronologicamente, conta e ilustra com imagens de alta-qualidade, os primeiros anos de carreira de Gilberto Gil, além do processo de idealização e produção de Marcelo Fróes, que trouxe esse importante lançamento às lojas.
“Retirante” é um álbum obrigatório para quem admira e quer conhecer mais profundamente a obra de Gilberto Gil, e comprovar como, já em suas primeiras gravações, o ex-ministro já apresentava um talento fora do comum.