Por Anderson Nascimento
Um dos artífices da Bossa Nova, Edu Lobo se uniu aos músicos Romero Lubambo e Mauro Senise, para juntos lançarem o “Dos Navegantes”. O álbum apresenta repertório 100% autoral, com todas as canções compostas por Edu Lobo em parceria com compositores como Chico Buarque, Ronaldo Bastos, Paulo César Pinheiro e Capinan.
O disco inicia com a balada tensa “A Morte de Zambi”, canção que agrega Gianfrancesco Guarnieri na composição. Como era de se esperar, o disco é um desbunde, mesmo tendo o minimalismo como diretriz. Há momentos impressionantes como o violão de Lubambo e a flauta em sol de Senise, em “Toada”, que também vê desfilar do contrabaixo de Bruno Aguilar e a interpretação elegantíssima de Edu.
A balada “Valsa Brasileira” é outro destaque, com um Edu sereno, com voz firme e postada por cima de uma cama instrumental magnífica. A canção é a primeira de uma sequência de três composições feitas em parceria com Chico Buarque. “Na Ilha de Lia, no Barco de Rosa”, canção que agrega um lindo solo de sax de Senise, e “Valsa dos Clowns”, em que se destaca o sopro mambembe de Senise.
Quando a ideia do disco surgiu, os artistas queriam mesmo que o disco capturasse canções menos conhecidas do Edu Lobo, prontamente Edu listou 32 canções, apenas 11 foram selecionadas para este trabalho. Dá pra imaginar o quão difícil deve ter sido essa escolha.
Enquanto o disco opta por mares mais calmos, “Gingado Dobrado” é a canção mais acelerada do disco. A faixa carrega texturas que remetem a canções nordestinas, e traz como convidado especial o percussionista Mingo Araújo.
A canção “Dos Navegantes”, linda composição de Edu com Paulo César Pinheiro, além de dar nome ao disco, também parece pautar boa parte do repertório, que em várias vezes tem o mar como motivo de suas linhas. A releitura de “O Circo Místico”, quarta composição de Edu e Chico do álbum, é outro grande momento do disco, bisando a grande interpretação de Lobo.
A inédita “Noturna” fecha este trabalho, trazendo o ar de novidade ao trabalho, além de ser a única canção totalmente instrumental do disco, ela também recebe como convidado o pianista Cristóvão Bastos.
Um belíssimo trabalho, que vai além do presente que a gravação e a gestação do mesmo representaram para os músicos, estendendo-se também aos ouvidos que sabem apreciar trabalhos com tanta sensibilidade, como este álbum o faz muito bem.