Por Thais Sechetin
O ano era 1969, período 5070-5071 de Kali Yuga, a idade das trevas, do ferro. O homem pisa na lua pela primeira vez, Woodstock chegando para os últimos suspiros do “Flower Power”, ano considerado também como o ano do nascimento da Internet, a Guerra do Vietnã no acontecendo. O mundo ficava pequeno demais para tanto sentimento e criatividade explodindo dentro de cada ser humano. E, entre tais fatos, "Let it Bleed", é lançado mostrando a dureza desses tempos.
O trabalho dos Stones em "Let It Bleed”, não foi exatamente feito com a intenção de ser politizado, talvez tudo tenha acontecido devido à própria energia da época. É um trabalho totalmente agressivo, até então, completamente diferente dos outros lançados pela banda, onde se podia contrabalançar com algumas baladas e melodias um pouco mais suaves.
Não é um álbum muito fácil de entender, é um pouco difícil definir um ritmo e um padrão para ele (muito cuidado para não confundir “Love In Vain” com uma love song, por exemplo). Ao ouvir a sequência de “Gimme Shelter”, “Midnight Rambler” e a música título do disco, chega-se a ficar realmente um pouco confuso tentando entender o que aquele conjunto de letras e ritmos quer dizer.
E, mais uma vez, surgem as comparações entre outro clássico "Let it Be" dos Beatles. Porém, cronologicamente falando, seria impossível os Rolling Stones serem acusados outra vez de plágio ou provocação, já que Let It Bleed foi lançado no ano anterior. E outra diferença incontestável é na sonoridade onde blues e harmonia caracterizam o trabalho dos Beatles e rock puro e Hard Rock são creditados aos Rolling Stones.
É um dos melhores discos da banda, fechando a trilogia de bons trabalhos entre 1968 e 1970 (Beggars Banquet e Sticky Fingers são os outros dois álbuns em questão) e até o próprio Mick Jagger admitiu que o disco é um de seus trabalhos favoritos. Para quem não viveu esses tempos de "Let It Bleed", pode- se entender nesse disco legado que foi deixado, a dificuldade, o inconformismo e angústia de toda uma geração, transmitidos em forma de arte.