Por Anderson Nascimento
O Rock seco de “O Que Você Vê”, que abre “Noite Fria”, primeiro disco do músico baiano Cajat, revela muito do som que o ouvinte vai encontrar ao longo das onze faixas do disco. Na prática, um Rock simples, básico, nos moldes que as principais bandas nacionais dos anos 1980 praticaram com sucesso.
Fortemente tangenciado por este Rock, o disco é uma grande surpresa, principalmente se contextualizado com o Pop-Rock extremamente minimalista, e às vezes chato, que dominou, em um passado recente, boa parte da música brasileira contemporânea.
Ao botar o disco pra rodar, de imediato, a sonoridade do disco lembra o Barão Vermelho do Frejat, com o Rock Stoniano feito no pós-Cazuza. Canções como “Tudo Tão Junkie”, falam por si mesmo, apostando em riffs marcantes e letra ácida.
Aliadas à excelente produção de Renato Nunes, experiente músico de Salvador, e ao instrumental irrepreensível, as composições também conseguem grande destaque no álbum. De acordo com o release do disco, elas retratam as mudanças vividas pelo cantor, numa linguagem que expressa claramente a sua visão de mundo. Entre os vários destaques, canções como “Ressurreição” e “Luz do Sol” impressionam, enquanto “Oração Profana”, que fecha o disco, esbanja sensibilidade e dá provas da habilidade de Cajat na composição.
Totalmente autoral, “Noite Fria” precisa ser ouvido por todos aqueles que gostam do Rock básico e competente, sobretudo os saudosos do Rock dos anos oitenta, e de um bom disco de Rock.