Por Anderson Nascimento
Quando “Rough Justice” começa a tocar, um profundo alívio toma conta dos ouvintes: são os Rolling Stones que todos gostamos e que todos queremos, e o resultado final da audição do disco é exatamente essa.
Não há experimentalismos, busca por modismos, nem mesmo músicas para “encher lingüiça”. Os Stones não precisam mais disso, e após quase uma década sem lançar um disco de inéditas, os Stones escolheram muito bem as dezesseis músicas do álbum.
Esperei uma semana para escrever a essa resenha, com medo de me deixar levar pela emoção e empolgação de estar ouvindo um novo disco dos Stones. Mas confesso que mesmo passando uma semana da primeira audição, a empolgação e emoção continuam as mesmas.
Como não se sentir transportado para o álbum setentista “Some Girls”, ao ouvir a primeira música do álbum? Como não derramar lágrimas no decorrer do primeiro single “Streets of Love”? Esses são apenas alguns dos muitos atrativos do álbum, que sem medo de errar, é o melhor desde “Tattoo You” de 1983.
Além de Rocks arrasadores que chegam perto dos grandes clássicos dos Stones, como é o caso de “Rough Justice”, “Oh No, Not You Again” ou “She Saw me Coming”, a banda ainda relembra suas raízes ao destilar o groove-funkão-setentista “Rain Fall Down”, ou no caso do blues “Back of My Hand”, onde nós temos a impressão de que o próprio Robert Johnson dá as caras, com direito a um sotaque forjado de Mick Jagger e tudo.
As músicas trazem melodias fáceis de serem cantadas, e mesmo após a segunda audição, elas acabam nos parecendo velhos hits da banda.
É legal também ver composições mais politizadas, como é o escracho público que eles aprontaram em “Sweet Neocon”.
Não existem contras nesse disco, a voz de Mick Jagger está melhor que nunca, as guitarras de Keith são de arrepiar e a cozinha com o sereno Chalie Watts e Ron Wood está perfeitamente sincronizada.
Os Stones chegaram a um ponto nunca alcançado por nenhuma outra banda, e mesmo assim, ainda tem o frescor de uma banda em seu início, apresentando um disco maravilhoso como esse, que possivelmente será apontado como o disco de Rock do ano.