Por Valdir Junior
Desde que surgiu no mundo fonográfico, ainda como escudeiros do saudoso e genial Chico Science, lá atrás no longínquo ano de 1994, a Nação Zumbi vem a cada novo disco edificando um trabalho coeso, criativo, sagaz e inquieto musicalmente. Tanto que qualquer som que venha a ser anunciando com a chancela de Du Peixe (voz), Lúcio Maia (guitarra), Alexandre Dengue (baixo), Pupillo (bateria) e Toca Ogan (percussão), de cara já podemos considerar algo bom e de qualidade chegando.
Depois de seis álbuns de estúdio, fora os dois ainda como Chico Science & Nação Zumbi, e dois discos ao vivo, a Nação Zumbi nos entrega agora um CD de releituras, “Radiola NZ Vol.1”, um disco que surpreende pelo repertório, sonoridade e capacidade da Nação de colocar a sua identidade nas músicas, sem descaracterizá-las, e ainda dando um novo frescor a elas.
Gravando em três sessões de gravação, em tempos e cidades diferentes, em meio à gravação de um novo disco de inéditas ainda a ser lançado, “Radiola NZ Vol.1” traz a Nação explorando suas raízes roqueiras misturadas com o pop e MPB em músicas como, “Refazenda” (Gilberto Gil), “Amor” (Seco & Molhados) que traz a participação de Ney Matogrosso, “Ashes to Ashes” (David Bowie), “Balanço” (Tim Maia), “Do Nothing” (The Specials), “Dois Animais na Selva Suja da Rua” (Taiguara), “Não Há Dinheiro que Pague” (Renato E Seus Blue Caps), “Sexual Healing” (Marvin Gaye) e “Tomorrow Never Knows” (Beatles).
Fugindo um pouco do estereótipo de sempre tocarem “pesado”, em “Radiola NZ Vol.1” a banda segura a mão um pouco no peso em algumas músicas “Sexual Healing”, por exemplo, explorando outras matizes sonoras e deixando o clima das músicas em pró das mesmas. Vale resaltar que tanto aos vocais de Jorge Du Peixe, como a guitarra de Lucio Maia, embelezam com maestria as harmonias e os arranjos de todas as músicas.
Como o próprio nome do álbum revela, existe a possibilidade de num futuro próximo que a banda venha a lançar um vol.2, mesmo porque foram deixadas muitas músicas de fora desse CD, mas por enquanto a prioridade é o disco de inéditas a ser lançado ainda em 2018.
Altamente indicado, Nação Zumbi – “Radiola NZ Vol.1”, é um disco que merece ser escutado e apreciado sem moderação. E aqui vai um aviso aos interessados, o disco já está em todas as plataformas digitais, mas o CD não está disponível nas grandes megastores, se você quiser uma edição física de “Radiola NZ Vol.1”, terá que procurar nas pequenas lojas especializadas em música, aquelas que antigamente eram chamadas de “Loja de Discos” e que hoje resistem com bravura. Então vai lá e não perca tempo.