Rotular o som da banda “Tupimasala” é das tarefas mais complicadas. O grupo paulista reúne diversas nuances sonoras ao longo das dez canções autorais de “Rebrasilis”, seu primeiro álbum.
Com influências explícitas de Samba, o disco passeia de uma forma geral pela MPB de vários sotaques, como o nordestino de “Deságua”. Mas o álbum também dá voz ao Rock, como no caso de “Caos Romano”, e até à batida Funk de “O Funk Nosso de Cada Dia”, faixa que fecha o disco e que urde Noel Rosa, Sapucaí e o marginalizado ritmo carioca.
Em algum momento o minimalismo que impera no disco chega a lembrar de alguns trabalhos de mesmo ímpeto do também paulistano Arnaldo Antunes, isso ocorre principalmente em canções como “Poesia de Submundo”.
Embora o disco traga ótimas canções como “Preta” e “Desenho de Geladeira”, a melhor música mesmo é “Amélia Quer Ser Rafaela”, uma espécie de atualização da velha canção de Mário Lago “Ai Que Saudades da Amélia”, confrontando-a com a personagem Rafaela, uma mulher contemporânea e independente.
Surgido na capital de São Paulo, no fim de 2013, o grupo traz em sua formação a vocalista Samantha Machado, Adam Esteves, violão e voz, o baterista Fernando Massucci e Hector de Paula no baixo. O curioso nome é fruto da contração entre as palavras Tupiniquim (gentílico brasileiro) e masala (tempero picante da Índia).
Com deliciosa abordagem poética e sutilezas repletas de brasilidades, a banda Tupimasala desfia rótulos e agrada com um disco aprazível e original. Vale a ouvida!