Por Anderson Nascimento
Dono de uma voz potente e impressionante, Marcos abarca em seu trabalho o suingue de suas cordas vocais que parecem dançar juntamente com a levada de canções como a ótima releitura de “O Morro Não Tem Vez” (Tom Jobim, Vinícius de Moraes) e “O Que Eu Queria (David Duarte)” que, de certa forma, nos fazem lembrar o saudoso Emílio Santiago.
Semifinalista do programa The Voice em 2013, Marcos Lessa surpreende em seu novo álbum ao apresentar de maneira segura canções com diversas levadas musicais que variam entre a MPB tradicional e temas regionais como “O Último Pau de Arara” (Venâncio, Corumba, J. Guimarães) e “Entre o Mar e o Sertão” (Evaldo Gouveia, Paulo Cesar Pinheiro), faixa que batiza o disco.
Marcos Lessa também mostra o seu trabalho autoral em quatro das doze canções do disco e, entre elas, não há como não destacar o balanço do sambinha leve “Poesia Flor” (Marcos Lessa), bem como há de se ressaltar a pequena incursão no Jazz na autoral “Tua Casa Sou Eu” (Marcos Lessa).
O disco ainda conta com a participação especial de Fagner em bonito dueto na canção “Contrassenso” (Martinha, Milton Carlos). O cantor cearense reaparece no disco na composição de “O Último Trem” (Fagner, Fausto Nilo), que Marcos interpreta de maneira bem singular. A outra participação é a da cantora Flávia Wenceslau, dona de uma bela voz, diga-se de passagem, na terna Andaluzia (Marcos Lessa, Flávia Wenceslau).
O disco encerra com o clássico de Sérgio Sampaio “Eu Quero é Botar o Meu Bloco Na Rua” (Sérgio Sampaio), canção que parece, talvez de forma ocasional, apontar pra frente, caguetando os anseios do artista em relação à sua carreira que segue em franca evolução.
“Entre o Mar e o Sertão”, o disco, é uma grande surpresa nesse ano de 2016, e tem tudo para apresentar ao público o talento raro deste artista que canta, encanta e tem muito pra dizer.