Por Anderson Nascimento
Ainda que não seja tarefa tão óbvia admirar o trabalho do grupo americano MGMT, em seu terceiro disco eles testam a simpatia e o amor dos fãs indo além de suas confusas formas de fazer música, produzindo um disco pouco palatável. O disco em quase nada lembra os momentos gloriosos dos dois álbuns anteriores, onde a banda conseguia ser inventiva e, na maioria da vezes, original.
O álbum inicia promissor, abrindo com a viajante “Alien Days”, e logo faz parecer possuir um “lado a” e um “lado b”, como nos vinis. As melhores canções estão, sem dúvida, na primeira parte do álbum, que emenda uma boa sequência de canções. Veja bem, “uma boa sequência” não quer dizer que a banda tenha uma faixa à altura de “Time To Pretend”, “Weekend Wars”, “Kids”, “It’s Working” ou “Congratulations”, hits dos álbuns anteriores.
Musicalmente o álbum carrega um amálgama que parece ter escorrido a partir de algum momento da segunda parte da década de sessenta, como no som seminal do Pink Floyd, caso da segunda faixa, a psicodélica “Cool Song No.2”, seguindo na linha alternativa retrô em “Mystery Disease”, que chupa uma batida feita pelos Beatles em “Tomorrow Never Knows”, que continua sendo copiada até hoje.
Quando a banda tenta pisar em terreno mais firme, como é o caso de “Introspection”, melhor faixa do álbum, e um dos poucos momentos onde a banda se preocupa em fazer uma canção de verdade, deixando a loucura em segundo plano, a banda consegue se sair muito bem.
A curtinha “Your Life is a Lie” também agrada, mas depois dela o disco desce ladeira abaixo, tornando a sua audição um verdadeiro exercício de paciência. Faixas como “Asro-Mancy” e “I Love You Too, Death” chegam a irritar profundamente, fazendo com que seja difícil para o ouvinte chegar de bom-humor ao final do disco. No entanto, se for perseverante, quem estiver ouvindo o disco ainda vai encontrar a bacaninha “Plenty of Girls in The Sea”, penúltima do álbum.
Sem lançar um álbum de inéditas há três anos, o esperado novo álbum do MGMT acaba pegando os que simpatizam pelo som da banda de surpresa, infelizmente no mau sentido da coisa.